17/06/2009

De Irã eu entendo menos que de acidente de avião. Sei que era Pérsia, aliás, nome muito melhor. Sei da guerra contra o Iraque. Sei de Khomeini, que derrubou a Ditadura de Pahlevi (que tinha o pai como simpatizante do nazismo) e instaurou a República Islâmica onde ele, Khomeini, se tornou o turbante grosso, mandando, desmandando, matando e orando. Sei que Moussavi, o supostamente derrotado em eleição fraudulenta, saiu do turbante de Khomeini. E que Ahmadinejad é radical de direita, e podemos imaginar o que significa ser radical de direita em uma república islâmica xiita. Enfim. Tudo indica que a tal eleição foi mesmo fraudulenta. E o que está acontecendo lá? Não sei. Tem gente que está escrevendo coisas interessantíssimas a respeito, e tem mais o que dizer que eu. Gostei da entrevista com Marjane Satrapi, autora do lindíssimo Persépolis. E percebo que estava pensando um pouco o que ela afirma. Que o fato desses milhares de pessoas irem às ruas de Teerã não pode ser visto como sinal de que o regime iraniano vai cair. Mesmo que Moussavi ganhe na tal da recontagem, é preciso ser quase Polyana para acreditar em alguma mudança absolutamente relevante. E que a coisa é grave. Talvez por motivos que não possamos saber daqui, à distância. O que há, lá, é uma espécie de golpe. Entre os da mesma linha. Não haverá revolução. Mas a mim, aqui do outro lado do mundo, chama atenção o fato deles, os iranianos, irem às ruas. É um precedente perigoso, do ponto de vista do regime turbantino de Khamenei. O povo vai gostar disso. E mesmo que a queda do regime não aconteça agora, os iranianos estão sentindo o gosto do dizer o que se quer. Os jovens. Os que pensam como jovens, no melhor sentido da palavra. Aparentemente eles estão sem saber como isso vai acabar. E os turbantinos prendem e matam pessoas no meio da rua. E derrubam a internet. O Twitter é o que há, hoje. Não é a panacéia do mundo, mas é um recurso genial. Eu acredito que vai chegar o dia em que não haverá mais ditaduras por causa da internet. Tenho certeza disso. Não dá para controlar. Não dá. A melhor coisa é acompanhar o que está acontecendo pelo Twitter. E ver fotos dos iranianos nas ruas, mesmo levando porrada de um lado ou de outro. Leia este post da Mary W e, principalmente, veja a foto. E segue o exercício número um do cursinho prático de construção de teorias de conspiração. Acompanhe o raciocínio:
- Obama presidente americano
- Ahmadinejad nega o Holocausto
- Obama faz discurso no Oriente Médio pedindo revisão das relações Ocidente-Oriente
- A maior parte da mídia americana está nas mãos de judeus
- Ahmadinejad vence com fraude as “eleições”
- Obama diz que não quer dizer nada para não parecer que está “se metendo”
- O mundo vê o Irã dia e noite na tv, e só sabe que o presidente do Irã fraudou as eleições, e nem lembra que o adversário também é partidário do regime turbantino
- Obama mostra toda a sua agilidade, rapidez e potência muscular e carisma sorridente, e mata mosca durante entrevista e imagem roda o mundo via internet; Obama: “see you that?”; a mosca, morta, em close.
A mosca, morta. Em close. A mosca. Morta. Close. Na mosca. No sorriso de Obama.
E o Irã pegando fogo.


*cala a boca, Lula!

Um comentário:

Sam disse...

Ótimo tudo, ótimo final. E isso tudo tá só começando...