29/09/2008

Acho que agora que acabou eu posso dizer. Da coisa pífia que foi a campanha eleitoral em Teresina. Pífia, concluída com um debate ainda mais pífio, por mais esforço que alguém queira fazer para fazer, de um debate como o de hoje, algo pouco pífio. Mas o formato deste tipo de debate não permite. Impossível qualquer pessoa, excetuando-se talvez o Washington Olivetto, que não é exatamente “uma pessoa”, concluir um raciocínio minimamente coerente sob o ponto de vista político e não maniqueísta de panfleto tendo um minuto para pergunta, ou dois minutos para resposta, ou trinta segundos para réplica, ou coisa que o valha.
Além: vi o programa do PT, o último, e o candidato fez o mais piegas programa ever. Conclamando a mulher para o voto nele, claro, porque ele é família e compreende o valor da mulher. Discurso moderníssimo, pois, e musiquinha de porta-jóias, e o cúmulo de dar flores para a apresentadora representando flores para todas as mulheres. Tudo de muito má qualidade: letra, música e dança. E vi o programa dos Sociais-Democratas da situação que, óbvio, tentou mostrar o que o prefeito fez e não dizer o que não fez, vide a ponte do Sesquicentenário já que, qualquer dia, vamos comemorar o sesquicentenário da não-ponte. O programa usou a surradíssima forma clássica de contar uma historia para representar os milhões de histórias que poderão, quem sabe, com a “ajuda de Deus e o seu voto”, acontecer nos próximos anos. E o jingle cantado de forma lânguida, com emoção quase incontrolável, para levar as pessoas ao mais puro sentimento de carinho e ternura e afinidade para com o tal. Fecha a cortina, depressa.
Insistem em chamar Teresina de grande pólo de saúde. Bah. Basta ir a qualquer maternidade, a qualquer hospital, a qualquer posto, e pedir para medir sua pressão. Ou faça assim: tropece numa vala no centro da cidade, de propósito, e bata a cabeça no meio-fio, e corra ao hospital mais próximo, e vamos ver o maior centro de saúde do planeta em ação para uma simples sutura, três pontos na testa, sem carteirinha de plano de saúde. E faça assim: reúna 100 crianças do ensino público municipal e pergunte a elas qual a capital do Amapá, e peça para soletrarem “demagogia”, e vamos ver os grandes resultados do modelo educacional adotado. Apareceu lá um menininho campeão de uma olimpíada sei lá de quê, sei lá aonde. É assim: quando um se destaca, o modelo, o mesmo que achata e emburrece a massa, vira exemplo, porque um, por méritos unicamente próprios ou inteligência ou acidente quebrou a regra. E, quer saber, não interessa ter 99,5% das crianças em idade escolar na escola, se os professores deles ganham 319 reals e precisam vender pulseirinha de barbante pra complementar a renda. Eu gosto do PSol, do PCB e dos não alinhados ao esquemão “vamos fingir que somos diferentes e nos abracemos depois do pleito”. Acredito, sinceramente, em sua importância na contestação e na busca de uma sociedade melhor e da utopia mais que necessária do socialismo. Mas é urgente convencer Aléxis, Lourdes e Ismar que marquétingue não é só o ato de criar factóides e manipular a mídia com intenções eleitoreiras. É, também, mostrar que pular na tv de pochete segurando bandeira não alavanca o debate político, mostrar que esbravejar com voz de taquara não mobiliza a juventude, e que dizer apenas que se é professor de História e com a vida ilibada (apesar de ambas serem, convenhamos, caracterísitcas bastante atraentes pra se escolher um candidato) NÃO conquista a massa ignara que tem fome de quê. Não concordo que é preciso deixar todo mundo ser candidato, com a premissa de que o folclore do Quem-Quem e do Avelar é a democracia em ação. Porque desmoraliza o debate, desvia o foco dos problemas e desaba na chanchada. O sistema já é antidemocrático ou pseudodemocrático demais para permitir o exotismo engraçadinho estilo Chaves do sertão.
Tenho uma idéia, e busco parceiros para lutar por ela: todos os candidatos, independente de coligações, terão sempre o mesmo tempo na tv, o mesmo número de cartazes, só 500 santinhos para cada (ainda dou o direito de escolherem seus marquétingue-mans, mas só), sem assessoria de imprensa. Todo mundo igual. Se for um partido nanico, ótimo. Se for uma coligação de dezoito partidos, dane-se. Cada candidato, x minutos. E aí, meu camarada, quero ver neguinho rebolar para mostrar quem é e o que vai fazer e como vai colocar as comunidades dentro das soluções. E quero ver uma tv fazer uma série de reportagens de verdade com estudantes, médicos, motoristas de ônibus, donas-de-casa e anybody perguntando aos candidatos, cara a cara, ao vivo, sem pré-seleção e sem polices o que é, qual é, como é, quando é que as coisas vão deixar de ser fachada pra virar verdade, e quando vamos parar de fingir que a democracia é isso que está aí, e quando o povo vai parar de aparecer na tv sendo abraçado e agitando bandeirinha e vai aparecer cobrando, mostrando, exigindo e conquistando uma vida melhor sem hipocrisia.
E, por favor, vamos desligar a tv da próxima vez que a Globo comparar as cidades com condomínios e prefeitos com síndicos, porque isso é extremamente ridículo.

**** Gódi, acabei de descobrir que AINDA não acabou. Ainda tem mais pograma de tv na quarta-feira, 1, e debate na Globo quinta-feira, dia 2. Isso mostra bem o alto nível de interesse. Céus, sou um despolitizado. Bem, então. Ficar de olho. Senhores candidatos, os senhores (e senhoras, claro) têm 48 horas para mudar minha opinião. Ha. Quero ver.

26/09/2008

Minidicionário das Pequenas Grandes Coisas

Flor: 1. bijuteria que as árvores usam quando querem ir a festas; 2. fragmento perfumado do arco-íris; 3. a namorada do beija-flor; 4. apelido do cheiro da boca da pessoa amada; 5. para os monarquistas, a rainha do Reino da Primavera; 6. cupido dos gametas; 7. the power; 8. o adeus com pétalas; 9. ser não adaptável à vida em redomas; 10. se vermelha, em grupo e andando de moto, símbolo de paixão; 11. o castelo de Androceu e Gineceu; 12. se misturada à água, espeto para olho-gordo; 13. a compensação ao espinho. (Ex.: “Perdoa, amor, a insensatez, e recebe essas flores com o sorriso da certeza, e acaricia com seus olhos a saudade que trago inteira e ofegante em minha companhia.” . – in Coisas de Amor largadas na Noite, A. Gonçalves)

19/09/2008

Promoção do Milênio Coisas de Amor Largadas na Noite

E, com vocês, a grande vencedora, que, com todo o mérito, acaba de ganhar um Coisas de Amor Largadas na Noite e um Divertimento, de Julio Cortazar.
Ioneide Santos do Nascimento, de Teresina, misturou um monte de coisas e fez uma coisa legal sobre o Coisas. Uma colagem, um zine, um trem, ou algo do gênero.
Sei que ficou bem bacaninha!
Veja só:





À Ioneide, os parabéns o o meu obrigado!
Semana que vem as vencedoras começarão a receber seus prêmios, em casa.

17/09/2008

16/09/2008

Por problemas técnicos, não consigo postar aqui o trabalho feito pela primeira colocada na Promoção do Milênio.
Poderia só postar o nome dela, mas aproveito e faço mais um misteriozinho.
Espero amanhã (17/09) conseguir.

Até lá.

11/09/2008

Explicação

Cedo, decidi:
Da minha vida, cuido eu!
É por isso que tenho tanto cuidado com você.

10/09/2008

Promoção do Milênio Coisas de Amor Largadas na Noite - 2ª posição

Ela não mandou um texto.
Mas demonstrou todo o seu carinho pelo Coisas com uma linda foto.
Senhoras e senhores, a segunda colocação na Promoção do Milênio ficou com Priscila Rezende, de Belo Horizonte, que irá receber 2 exemplares do Coisas de Amor Largadas na Noite para guardar, dar de presente, largar pela noite ou, quem sabe, deixar como livro da outra cabeceira.


09/09/2008

Promoção do Milênio Coisas de Amor Largadas na Noite

Foram milhares, quase milhão!, de inscritos. A cada um deles (ou delas), um muito obrigado e uma alegria tranquila, de quem se sentiu prestigiado e querido.
Mas, depois de semanas de trabalho árduo, o júri da Promoção do Milênio deu seu veredito: já temos os três primeiros colocados (que, na verdade, são quatro).
Hoje, as duas (sim, foram duas senhoritas) que empataram em terceiro lugar. Mandaram textos, que publico abaixo.
Lembro que as duas contempladas devem mandar, URGENTEMENTE, seu endereço para o mail mailto:mandrepiaui@hotmail.com, para receberem, no aconchego do lar, o exemplar de Coisas de Amor Largadas na Noite a que fizeram por merecer.
Abaixo, os nomes das talentosas participantes, e os textos enviados por elas.
Amanhã, publicação do segundo lugar.


Sanmya Menezes

Hoje eu tava te falando da sensação sem nome que veio até aqui. Do mapa, do nexo, do grito aflito, das pernas balançando, do recomeço e dessa alegria efêmera. Algo como esse ato de instigar, depois rejeitar e por último fingir que nada aconteceu.
Tava te falando mesmo era de caminhar pelo centro da cidade, dos barcos, das velas, da calçada naquela noite. A mesa pronta, o jogo americano bem colocado, o vinho e o jantar esperando a hora.
Eu tava te falando era do passeio na Avenida Litorânea, do vento chato que deixava meu cabelo parecendo um novelo de lã.
Eu te falava de algo como agora, quando eu sinto falta de sentir raiva e dos relâmpagos. Do dedo rodando pra sintonizar a FM que sempre tocava "good bye, so long, my love!".De te ver deitado me pedindo pra ler mais um verso do livro novo.
Eu diria que...
Eu acho que...
Mas você disse que...
Ah, vai, chega, encosta, senta aqui do lado que pra fazer samba eu até esqueço. E cê sabe, né?Maluca como eu sou , vou falar, falar, falar e só no fim lembrar de te perguntar:
-E aí, achou bonito?


Patrícia de Sousa Santos

Das Coisas do Amor

Há coisas difíceis de dizer e outras difíceis de sentir. Como o Amor, um tanto estranho na forma, mas irresistível no conteúdo. Sou daquelas que abraça esse sentimento aparentemente estranho, e não me importo nem um pouquinho em viver cada milímetro dele, seja nas horas de dor e cotovelo ou nas horas de alegria estonteante.
Creio na boa embriaguez do Amor e vivo constantemente inebriada, guardando canções, lugares e cores para compartilhar com o ser amado. Adoro ser ridícula, inventando apelidinhos bobos e, quase sempre, constrangedores, para falar nas horas mais impróprias, gosto de rir das piadas sem graça só pra agradar ou brigar por bobagem na expectativa de uma calorosa reconciliação.
Acredito que sou louca e literalmente não me incomodo em ser. Se for loucura amar desejo, eternamente ou enquanto restar poema, viver as loucuras dessa coisa que é o amor; me afogando num abraço caloroso e morrendo num beijo ressuscitador.

04/09/2008

Gabriel no Intacta Retina

Esta e outras fotos minhas no Intacta Retina.
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Texto novo no Dois Dedos na Garganta.

02/09/2008

Aí, vem um tal de James Roberts, nas páginas amarelas de Veja, dizer o seguinte:

" O capitalismo promove niveis desiguais de prosperidade. Como diria o estadista inglês Winston Churchill, isso é muito melhor do que produzir miséria igual para todos, como faz o socialismo".

Senhores, eis um sofista "moderno", incensado por uma imprensa manipuladora e jornalistas que se eximem de sua maior responsabilidade: pensar.