01/09/2005

Sobre Pizzas

O brasileiro é viciado em pizza. Estima-se que só em São Paulo sejam servidas um milhão de pizzas por dia. Aproximadamente 45.833 por hora. Cerca de 784 por minuto. Uma dúzia por segundo. Isso, acredite, apenas em São Paulo. Não há dados oficiais sobre o número de pizzas em todo o Brasil. Mas, o que se sabe, é que brasileiro adora uma pizza. Tanto que, aqui, existe o Dia da Pizza: 10 de julho. Dizem que no Brasil tudo acaba em pizza. Dizem, também, que essa expressão surgiu em 1950, quando dirigentes do Palmeiras quase foram aos tapas em uma discussão e fizeram as pazes indo à pizzaria. Tutti buonna gente. Pode ser lenda. Convenhamos, bem saborosa. Echo.
Segundo historiadores, a pizza surgiu há cerca de seis mil anos. Ao contrário do que se imagina, não foi na Itália. Foi no Egito. Não creio. Assisti Cleópatra várias vezes e não lembro de Elizabeth Taylor comendo pizza. Outros afirmam que ela surgiu na Grécia, e era feita com massa à base de farinha de trigo e grão-de-bico. Há quem jure que Platão teria escrito a Politeía com a boca cheia de pizza de mussarela, mas há controvérsias. Escavações em Atenas levam muita a gente a desconfiar que o arremesso de disco, modalidade olímpica, surgiu nessa época, quando era comum se arremessarem pizzas ruins no Mar Egeu. Pois bem. Da Grécia, a pizza teria invadido a Etrúria, na Itália, e caído no gosto popular. Mas era servida dobrada, como um sanduíche. Supõe-se que não tenha dado muito certo, talvez pela inexistência de guardanapos de papel nessa época. No século XVII, em Nápoles, a pizza começa a se aproximar da que conhecemos hoje quando os espanhóis descobriram que tomate serve para comer e não apenas para jogar nos outros. Essa pizza rudimentar ainda era retangular, apesar de já contar com azeite, alho, mussarela. Em 1830, foi inaugurada a primeira pizzaria do mundo: a Port’Alba, lá mesmo, em Nápoles, que reunia a intelectualidade napolitana, entre eles poetas, escritores e pintores. Um certo Dom Rafaello Espósito criou a Margherita, em homenagem à rainha Margherita de Sabóia, mulher de Umberto I, e aí a coisa complicou. Misturaram tudo, e colocaram a politicagem como ingrediente. Depois, na Segunda Guerra Mundial, os americanos cismaram de aprender a fazer pizza e, é claro, com a delicadeza que lhes é peculiar, avacalharam tudo. Ensinaram o mundo a colocar catchup e maionese na pizza, inventaram o fast-food e a borda de catupiry. E, claro, a beber Coca-Cola, pra descer pela garganta da gente essa gororoba. O fato é que brasileiro é viciado em pizza. Isso tem causado alguns problemas a nossa gente. Veja, por exemplo, o caso da Velhinha de Taubaté. Uma fonte minha, que prefere não ser revelada, informa que a polícia desvendou o segredo de sua morte. Não foi por se ver traída por alguém em quem ainda acreditava. Sua autópsia revelou sufocamento por pizza. Uma caixa de papelão ao lado do telefone confirma essa suspeita: Pizzaria Brasil. Na etiqueta, o sabor da pizza: buchada.