04/08/2005

O Presidente Pé-Torto

A visita de Lula ao Piauí trouxe muitas certezas. Uma delas é a de que Lula é um perna-de-pau. As peladas na Granja do Torto devem ser deprimentes. Lula tem o pé torto, o que deve dar novo sentido ao nome da tal "granja". Granja do Pé-Torto. Ao inaugurar um ginásio em Teresina, Lula chutou uma bola ao gol. Sem goleiro. Para fora. Cinco metros de distância. Errou. Lula parece que não acerta uma. Lula disse, em Teresina, que quem errou, seja amigo ou inimigo, de seu partido ou de outro partido, rico ou pobre, preto ou branco, vai ter de pagar pelos seus erros. Lula vai ter de pagar pelos seus-dele erros. Já está pagando. Lula errou e continua errando. Lula critica as elites. Diz que as elites estão contra ele. Mas Lula só foi eleito porque beijou as mãos dos representantes das elites. Sarney a tiracolo. Maluf embaixo da mesa. Alencar à direita, na cadeira mais baixa. Lula se abraçou aos eternos comensais do capital e cuspiu no rosto de companheiros de todas as horas. Lula passou dois anos e meio tentando ser estadista. Foram dois anos e meio de viagens mundo afora. Até o Sucatão abriu o bico. Lula errou. Esqueceu de governar. Deixou o governo nas mãos ou, pelo visto, nos bolsos de José Dirceu, o Não Arrogante. Talvez seja por isso que ele, Lula, não sabe de nada. Agora, Lula volta a viajar. Só que faz a viagem em direção ao povo. Tenta voltar a sentir cheiro de povo. Pode ser tarde. Lula erra de novo. Assume postura populista, de presidente de republiqueta. Um Chavez de Garanhuns. Uma Evita Perón de barba e tatibitate. Caso não se lembre, Collor fez o mesmo. "Não me deixem só". "Saiam às ruas de amarelo". Deu no que deu. Agora tudo é comício. Com claque vestida de vermelho e aplaudindo erro de concordância. Protestos? Um quarteirão para lá, por favor. Se for conselho de Duda Mendonça, peguem de volta os tais 15 milhões. Distribuam nos próximos comícios de Lula. Porque Duda, o publicitário das musiquinhas, perdeu a mão. Todo filme é musiquinha. Acabou a graça. Chega de campanha com musiquinha. Agora é soco na mesa. Não soco na imprensa. A crise detonada por Bob Laden subiu a rampa do Planalto, e está batendo à porta do Gabinete Presidencial. Lula se agarra à Economia. Para ele, é um trunfo. Mas Lula segue a cartilha mais ortodoxa do neoliberalismo, o ideal tucano. A que privilegia as elites. As mesmas que, até agora, dão sustentação a seu governo e aplaudem a política econômica, a mesma que vai gerar um crescimento do PIB em 3%. Abaixo do crescimento do PIB da Bolívia. Igual ao do Paraguai. Lula erra ao se refugiar em meio ao povo. O povo quer Lula em Brasília. No olho do furacão. Sentado à mesa de trabalho. Gritando ao telefone com assessores, procuradores ou outros "ores" que sejam. Cobrando verdades, punições, esclarecimentos e vergonha na cara. Sendo o velho Lula. Aquele, em quem o povo votou. Não esse aí, que se esconde embaixo da saia do discurso pseudo-improvisado e se alimenta das palmas dos famintos. Não esse Lula que dá entrevistas esdrúxulas em Paris. Não é hora de começar um confronto de classes. De ricos contra pobres. De elites exploradoras contra descamisados explorados. Isso não cola mais. Chega de bola fora. Já basta de bobagem.