30/05/2008

Um mundo novo aos corações corajosos

Não conheço o Raimundo Neto, que tem um blog com esse título aí de cima.
Não sei bem como é a cara dele (a não ser por uma fotozinha em pb). Nunca conversei com ele.
Visito o blog do Raimundo Neto com pouca frequência. Uma ou duas vezes por mês, ou pouco mais, quando o tempo deixa.
Aí, o Raimundo Neto me mandou um email, que reproduzo (trechos) abaixo:

"Não tive como ir prestigiar o lançamento. Fui mais cedo. Cedinho. Simpatizei com uma moça da livraria. Simpática e empática. Convidou-me para o lançamento. E batemos um lero, um lerinho."

"Entre uma palavra e outra desejei a você sorte e sucesso.E o livro é ÓTIMO. Lindão. Um garotão forte, inteligente, que pode ser de tudo mundo, pelas partes encantadoras que tem. Mamãe está encantada."

Aí, o Raimundo Neto escreveu um texto e colocou umas fotos no blog dele. Uma "resenha" do Coisas de Amor, digamos.
Passe lá e veja: Um mundo novo aos corações corajosos.

Obrigado, Raimundo.

28/05/2008

Shout

Eu grito porque o silêncio me incomoda.
Eu grito pra acordar a vizinhança. Eu grito pra fazer a velha gorda que caminha na calçada olhar pra cima. Eu grito pra deixar a meninada com medo de sair na rua, eu grito pra deixar o velho guarda com pânico do obscuro, eu grito pra deixar o carinha que amassa na esquina a namorada, de cabelo espichadinho, com o pau endurecido.
Eu grito porque não tenho voz. Eu grito porque eu calo para quem merecia uma porrada. Eu grito pela morte do meu gato, eu grito pela sorte do vagabundo que achou no lixo uma coxinha pela metade, eu grito pelo medo que o porrete causa na pele fria do mercedes prateado, eu grito pra abafar o barulho do avião, eu grito pra jogar qualquer muro em algum chão, eu grito pra enganar a desconfiança, eu grito pra apressar qualquer mudança.
Eu grito porque eu grito. Eu grito porque não aprendi a não gritar. Eu grito de tesão. Eu grito de alegria. Eu grito de pavor. Eu grito de horror. Eu grito por amor. Eu grito de saudade. Eu grito de felicidade. Eu grito com a boca cheia de lágrimas. Eu grito com a boca seca de vontade. Eu grito com a mão espalmada pra ampliar o grito. Eu grito com a camisa aberta no peito pra enfurecer o grito. Eu grito com o olho esbugalhado pra causar atrito. Eu grito porque, se eu não grito, eu não existo. Eu grito porque gosto. Eu grito porque quero. Eu grito porque sonho. Eu grito porque desisto. Eu grito porque insisto. Eu grito porque ninguém me ouve. Eu grito porque ninguém me vê. Eu grito porque quero continuar no escuro. Eu grito de vergonha. Eu grito por exibicionismo. Eu grito por hipocrisia. E eu grito por detestar a hipocrisia. Eu grito por idolatria. Eu grito por necessidade. Eu grito por inconsequência. Eu grito de orgulho. Eu grito por arrogância. Eu grito só de implicância. Eu grito porque gritando eu não vomito.
Eu grito porque o silêncio me machuca. Porque a noite me aprisiona. Porque o sol me dói a vista. Porque a sorte me abandona. Porque a morte me ronda o quarto. Porque a vida não se mede com uma régua. Porque não encontro a porta aberta. Porque não suporto nenhuma perda. Porque não acredito na vida eterna. Porque quero me aconchegar no peito dela. Porque quero amarrar poesia nas estrelas. Porque quero avacalhar as letras do alfabeto. Porque quero enterrar as mentes obtusas. Porque quero destruir as meias-verdades. Porque quero esburacar o sonho alheio. Porque quero estraçalhar quem me machuca.
Eu grito, porque eu grito. Eu grito porque o silêncio me incomoda. Eu grito pra fazer barulho. Eu grito.
Me beija. Que eu calo.

27/05/2008

Coisas de Amor se espalhando pelo mundo - II

De Thamara Rezek - São Paulo - SP

"André, querido

Simplesmente devorei! Tá tudo maravilhoso: desde o conceito, o conteúdo nem se fala!, até a diagramação.
Li, reli, li, sempre com um novo arrepio ou suspiro a cada releitura.
Já divulguei aqui no escritório e, certamente, você terá novas encomendas.
Desculpe pelo palavrão um pouco mais cabeludo que merda, rs, mas putaquepariu, você é foda.
Beijo grande."

26/05/2008

Coisas de Amor se espalhando pelo mundo

De Ana Lins - Rio de Janeiro - RJ:

"AMEI o livro, que coisa mais fofa!!! um mimo mesmo... peguei ele das mãos do carteiro agora à tardinha. depois te conto..."

(parte 2 - o "depois")

"que livro mais delicioso... não li todo, ainda, pois quando gosto muito de um livro não quero que ele acabe logo. e adorei que eu posso colocar ele na ordem que eu quiser. cada folha, uma surpresa.

obrigada!!!!!

b.
ana
:)"

23/05/2008

Nasceu

Coisas de Amor Largadas na Noite já está disponível (a partir de amanhã, sábado, 24 de maio), na Livraria Des Livres - Teresina.
Ou através do e-mail andrepiaui@hotmail.com, onde você estiver.
Preço (tanto na livraria quanto pelo mail): R$20,00 (frete incluso para todo o Brasil).

Breve em outras livrarias.
Cantiga de Viver

Sozinho na cama
um homem espera sua hora.
A inesperada hora de tantos.
A vida é uma cantiga triste
mais triste e à-toa que a das andorinhas
— Las oscuras golondrinas
tão mal vivida
tão mal ferida
tão mal cumprida.

A vida é uma cantiga alegre:
o primeiro sorriso de cada filho
e todos os microamores
que inutilizam
a vitória da morte.

(H. Dobal)

p.s.: Quando Dobal se foi, chovia e um arco-íris apareceu no céu. Só podia.
Fernando Meirelles apresenta Ensaio Sobre a Cegueira para José Saramago

20/05/2008

Zélia Gattai, em entrevista para a Folha:

FOLHA - Então, a senhora não tem medo da morte?
ZÉLIA - Claro que não tenho medo da morte. Depois que Jorge se foi, não há nada que me assombre.

17/05/2008

Cine Pathe


E o Iron Man que existe em nós.
Passe .

15/05/2008

08/05/2008

Autobiografia não autorizada de Maria Quem – Tiro 5

Quando minha mãe acordou, deu de cara com o mar. Era um mar verde, que refletia o sol e tinha lá no fundo uns barquinhos de velas brancas que levaram minha mãe pra longe, longe. Era o mar dos olhos do meu pai. Meu pai arreganhou de novo o sorriso, e dessa vez minha mãe não desmaiou mais. O que ela fez foi segurar o pescoço dele e antes que ele pudesse desfazer o sorriso ela puxou o mar pra bem pertinho dela e fechou os olhos e descobriu que tem beijos que fazem estourar muito mais foguetes do que trepar. Minha mãe naquele dia descobriu que é por isso que puta de verdade não beija na boca. E nunca mais beijou ninguém que não fosse meu pai. Minha mãe e meu pai começaram a namorar. Meu pai ia toda noite na Passarinha. Só que nunca comia minha mãe. Porque ela era puta mas era uma puta direita, e disse que com ele só depois de casar. Porque era puta por profissão, não por amar. E meu pai e minha mãe ficaram assim: minha mãe trepava não sei quantas vezes por dia pra pagar a morada na Passarinha, mas se guardava pro meu pai e dizia que ia casar virgem com ele porque a virgindade não fica no meio das pernas mas num cantinho do coração. E meu pai comia todo dia uma mulher da Passarinha mas dizia que trepar é uma coisa, amar é outra coisa e que ele amava ela como se ela fosse um pedaço dele , como se ela fosse o ar que ele respirava, como se ela fosse a única mulher na face da Terra. E assim foi por oito meses, seis dias, quatro horas, trinta e dois minutos e dezenove segundos a partir do momento em que minha mãe, Edilene, mergulhou pela primeira vez no mar dos olhos do meu pai, Onofre.
Pra nunca mais voltar.