27/06/2009

Claro, você pode falar mal de Michael Jackson.
Você é essa pessoa virtuosa, com vida sexual "normal", casta.
Você não cantarola músicas do Fantasmão. Não tem nenhuma esquisitice.
Um exemplo de ser humano.

19/06/2009

Sobre a desobrigatoriedade do diploma - Parte II

Não tenho a ilusão de que nossos doutos ministros do Supremo tenham votado a favor da não-obrigatoriedade movidos por percepção da necessidade de evolução. Mas, sem perceber, levantaram a lebre. Ou percebendo, não sei. Não é o jornalismo que está em crise. É a Comunicação. Ou melhor, essa instituição ao mesmo tempo vanguardista e caduca que chamamos de Comunicação. Os jornais. As agências de publicidade. Os tais. A comunicação mesmo, o ato de se comunicar, de espalhar notícias e fatos e acontecimentos não está em crise. Nunca foi tão livre, tão aberta, tão acessível, tão simples, tão fácil, tão democrática. O que está em crise é o sistema. Aliás, vamos mais longe: o capitalismo está em crise, e os jornalões e as redações e agencias de publicidade nos moldes do início do Século XX e as televisões e as rádios estão meio sem saber o que fazer. Essa é a discussão. Não a discussão do diploma ou do não-diploma. A obrigatoriedade do diploma era uma balela. Nos grandes jornais e emissoras e coisa e tal sempre se burlou a obrigatoriedade. Nos pequenos centros sempre se deu um jeito. Os apaniguados, os protegidos, os lambe-botas estão lá, nas redações, desde que o mundo conheceu seu primeiro jornal. Com diploma ou não, eles estão lá. A cultura do diploma é uma estratégia para legitimar os não-capazes. Porque os bons, bons de verdade, estarão lá dentro, com diploma ou sem, quando os donos quiserem. Também sempre estiveram e vão continuar lá. Outra armadilha é o “piso”. O malfadado. Alguém me disse que os patrões agora vão se esbaldar. Ora. O piso é uma armadilha. Sociedade do Espetáculo. Debord explica. Quem sou eu, mas vou tentar traduzir. O piso é o seguinte: os dominantes dão satisfações à sociedade dizendo que estão protegendo os profissionais, garantindo seus direitos, salvaguardando a dignidade, e blá. E, por trás, estão felizes. Porque o nome já diz, né? Piso. Nivela por baixo. “Hahahaha”, dizem os barões. Aí os profissionais, diplomados, “faculdados”, brigam por um piso. E todos ali, ao rés do chão. Ao invés de brigar pelo céu, choram pelo piso. Então. É o sistema que está em crise. A crise é do Capital. A crise é do Poder. E convenhamos que não há nada que dê mais suporte ao Capital e ao Poder que a comunicação. Jornais. Publicidade. A Internet chegou e balançou as bases. O celular. O Iphone. Os blogs. O MSN. Um twitteiro pode ter 50 mil seguidores. Sozinho. Custo zero. E pode não ganhar nada para ter os 50 mil followers. E uma twittada sobre algo chega a 50 mil pessoas instantaneamente. E se for algo bom, relevante, legal, chega a milhões. Que jornais no Brasil tem tiragens de 50 mil exemplares, e a que custo? É isso que deve ser discutido. O que é a Comunicação, hoje? Melhor: o que será a comunicação amanhã? O que será “o” jornal, o que serão os jornalistas? É isso. Isso é o principal. Porque o mundo está caindo. O mundo conhecido das redações e salas de criação não faz mais sentido. É hora de mirar na lua, e não de olhar para o “piso”. O diploma nunca foi tão importante, e tão diferencial. Quem já tem, que se sinta feliz por ter passado quatro anos aprendendo todas as teorias. Mas que faça, do diploma, não um bilhete para emprego. Mas um símbolo inquestionável de que se aprendeu mais sobre algo do que outros. De que se é bom no que faz. A Comunicação agradece.
Sobre a desobrigatoriedade do diploma – Parte I

É compreensível e natural o posicionamento de certas pessoas. De que diploma de jornalista não vale mais nada. De que perdeu tempo indo à faculdade para ter um diploma que deixa de ser obrigatório para exercer a profissão. Quem se dedica ao jornalismo, à Comunicação, carrega uma certa dose extra de passionalidade. Além do mais, muita gente sofreu, mesmo. Ralou bunda em banco de faculdade, penou para pegar ônibus, foi pra aula a pé, deixou de comer bife para comprar livro de Teoria. E pode ter, em um primeiro momento, a sensação de que foi uma bobagem. De que sua profissão foi desvalorizada. Mas, vamos lá. Evidente que se você pensa que “perdeu tempo” indo à faculdade do que quer que seja, perdeu mesmo. Se acha que perdeu tempo para ter um diploma, perdeu mesmo. Isso talvez separe quem foi à faculdade para ter um diploma de quem realmente foi à faculdade. Quem foi à faculdade ter um diploma foi na verdade a uma fábrica de certificados. Quem foi à faculdade para aprender jornalismo e batalhou para saber mais, não perdeu tempo. É mais ou menos o raciocínio de quem estuda pra fazer prova e passar de ano, em comparação a quem estuda para saber. Ela disse: “o que caiu foi a obrigatoriedade do diploma, não a obrigatoriedade de adquirir conhecimento”. Ela é foda. As faculdades vão precisar se adequar ao hoje em dia. Era muito fácil. Para ter emprego, tinha de ter diploma. "Então, levantamos um prédio, colocamos x salas, entram x alunos. Eles não tem opção". E em pleno século XXI as faculdades de Comunicação não tem um telão decente para dar aula.Tem faculdade de Comunicação que oferece aos professores projetor de transparências, ao invés do powerpoint. Powerpoint é o ó. Mas é o máximo de tecnologia da maioria das faculdades. Agora, é preciso atrair quem realmente se interessa, e não os “maníacos dos diplomas salvadores de empregos”. Que são a maioria. Mais do que antes o diploma passa a ter valor. Deixa de ser o salvo conduto do incompetente e passa a ser a arma do capaz.

18/06/2009

Ainda sobre o Irã

Veja este vídeo: http://vimeo.com/2139754
Iran: a nation of bloggers.
Sensacional.
Vi no blog do Marcelo Tas.

17/06/2009

De Irã eu entendo menos que de acidente de avião. Sei que era Pérsia, aliás, nome muito melhor. Sei da guerra contra o Iraque. Sei de Khomeini, que derrubou a Ditadura de Pahlevi (que tinha o pai como simpatizante do nazismo) e instaurou a República Islâmica onde ele, Khomeini, se tornou o turbante grosso, mandando, desmandando, matando e orando. Sei que Moussavi, o supostamente derrotado em eleição fraudulenta, saiu do turbante de Khomeini. E que Ahmadinejad é radical de direita, e podemos imaginar o que significa ser radical de direita em uma república islâmica xiita. Enfim. Tudo indica que a tal eleição foi mesmo fraudulenta. E o que está acontecendo lá? Não sei. Tem gente que está escrevendo coisas interessantíssimas a respeito, e tem mais o que dizer que eu. Gostei da entrevista com Marjane Satrapi, autora do lindíssimo Persépolis. E percebo que estava pensando um pouco o que ela afirma. Que o fato desses milhares de pessoas irem às ruas de Teerã não pode ser visto como sinal de que o regime iraniano vai cair. Mesmo que Moussavi ganhe na tal da recontagem, é preciso ser quase Polyana para acreditar em alguma mudança absolutamente relevante. E que a coisa é grave. Talvez por motivos que não possamos saber daqui, à distância. O que há, lá, é uma espécie de golpe. Entre os da mesma linha. Não haverá revolução. Mas a mim, aqui do outro lado do mundo, chama atenção o fato deles, os iranianos, irem às ruas. É um precedente perigoso, do ponto de vista do regime turbantino de Khamenei. O povo vai gostar disso. E mesmo que a queda do regime não aconteça agora, os iranianos estão sentindo o gosto do dizer o que se quer. Os jovens. Os que pensam como jovens, no melhor sentido da palavra. Aparentemente eles estão sem saber como isso vai acabar. E os turbantinos prendem e matam pessoas no meio da rua. E derrubam a internet. O Twitter é o que há, hoje. Não é a panacéia do mundo, mas é um recurso genial. Eu acredito que vai chegar o dia em que não haverá mais ditaduras por causa da internet. Tenho certeza disso. Não dá para controlar. Não dá. A melhor coisa é acompanhar o que está acontecendo pelo Twitter. E ver fotos dos iranianos nas ruas, mesmo levando porrada de um lado ou de outro. Leia este post da Mary W e, principalmente, veja a foto. E segue o exercício número um do cursinho prático de construção de teorias de conspiração. Acompanhe o raciocínio:
- Obama presidente americano
- Ahmadinejad nega o Holocausto
- Obama faz discurso no Oriente Médio pedindo revisão das relações Ocidente-Oriente
- A maior parte da mídia americana está nas mãos de judeus
- Ahmadinejad vence com fraude as “eleições”
- Obama diz que não quer dizer nada para não parecer que está “se metendo”
- O mundo vê o Irã dia e noite na tv, e só sabe que o presidente do Irã fraudou as eleições, e nem lembra que o adversário também é partidário do regime turbantino
- Obama mostra toda a sua agilidade, rapidez e potência muscular e carisma sorridente, e mata mosca durante entrevista e imagem roda o mundo via internet; Obama: “see you that?”; a mosca, morta, em close.
A mosca, morta. Em close. A mosca. Morta. Close. Na mosca. No sorriso de Obama.
E o Irã pegando fogo.


*cala a boca, Lula!

10/06/2009

Não tenho o que comentar sobre o acidente do Air Bus. De acidente de avião o máximo conhecimento que tenho é o de que nunca quero estar dentro de um negócio desses despencando, seja no mar ou em terra. De acidente de avião também sei de meu primo Padreco, em Alfenas, que sobreviveu a, sei lá, cinco ou seis. Aviões pequenos. Ele é piloto. Tem uma placa de aço na cabeça. Diz que é uma espécie de parabólica, e que ela aumenta em época de calor e fica parecendo que na cabeça dele tem uma frigideira. Maluco, o Padreco. Uma vez ele e um amigo iam transportando um corpo, de Alfenas para algum lugar. Um morto. O avião subiu, o morto arrotou. Ou algo parecido. Padreco desceu na primeira plantação de café que viu pela frente. Estragou um pouco o avião, mas dane-se. Um morto arrotando. Pernas pra que te quero em meio ao cafezal. O médico explicou que eram gases. O avião subiu, o morto expeliu os gases. Só isso. Só isso também sobre o Air France número tal. Não há o que dizer. Descobrir as causas se possível, para tranqüilizar o coração das famílias, e tocar a vida. Saber o que houve para que nunca mais ninguém morra indo para Paris. Morrer indo para Paris não pode ser. Não pode.

08/06/2009

Há uma grande possibilidade de que eu esteja ficando neurótico, obcecado ou, quem sabe, mesmo, velho. Sabe-se que pessoas acometidas por essas “enfermidades” podem começar a ver coisas onde não as existem, ou não ver o que se está diante dos olhos. Enfim, não me importa. Mas, quando pensamos que não há mais nada de pior a ser inventado em matéria de entretenimento, me aparece esse Jogo Duro da Globo. Muito mais ainda me assusta saber que aquilo é uma cópia de uma outra coisa inventada em outro lugar. Ou seja: andamos tão mal que somos incapazes de criar algo melhor que aquilo? Quem sabe um alento: talvez a cópia seja motivada pela nossa incapacidade de criar algo tão ruim. Não interessa, tanto faz. O fato é que Jogo Duro é uma fantástica metáfora sobre nosso tempo, média feita, e deixa no ar uma perigosa mensagem para o futuro: a de que cada vez mais devemos nos meter com os pés na lama, nos misturar aos mais repugnantes animais e deixar para trás o mínimo senso de autopreservação, dignidade ou seja lá o nome que ainda se dá a algo como isso. O que vale é pegar uns trocados e sair correndo, deixando o último trouxa para trás. Não sei se ainda temos jeito.

(a imgem puxei daqui)

06/06/2009

Para os alunos do curso Redação Criativa

Lavatory
http://www.youtube.com/watch?v=m8eDX408WHE

Ilha das Flores (vídeo)
http://www.youtube.com/watch?v=0V8eBvVzOqk

Ilha das Flores (texto)
http://www.portacurtas.com.br/dialogos/ILHA%20DAS%20FLORES.rtf

04/06/2009

Calma.
É que é muita coisa.
(Mas passe mais tarde, que tem.)