18/06/2010

05/06/2010



"Queridos fotografos Dieci!!!!
Hoje é a abertura da mostra, fizemos a montagem ontem e as fotos ja foram vistas por um monte de gente porque aconteceu uma festa no local.
Ficou tudo muito bonito.
Vamos torcer para ir um mundaréu de pessoas e que tudo seja vendido!!!!
um beijo grande a todos
Paula França e Paolo Vitale

www.fotografosnapoli.blogspot.com
PS.
Fomos noticiados em varios jornais daqui.
"

04/06/2010

Sobre a utilidade das inutilidades

Há quem diga da poesia: uma inutilidade. Que bobagem. Inútil, na verdade, é acreditar na utilidade de um mundo sem poesia.
Que utilidade teria um mundo absolutamente pragmático, positivo, incontestável, absolutamente concreto e centrado no indelirável? Que utilidade pode haver não apenas em um mundo, mas em qualquer coisa cuja única função seja ser útil? As coisas podem ser, sim, práticas e próprias para utilização em benefício da materialidade humana. Mas, porque não podem ser poéticas? E não é isso, um pouco de poesia no duro mundo do concreto, a existência de tantas curvas em Niemayer? E não seria por isso que, no exercício diário da sobrevivência, o gari samba ou valsa ou tangueia, flanando pelo palco de asfalto abraçado à vassoura em total concubinato com a fantasia, prima-irmã da poesia?
Não é necessário ser um erudito. Não é preciso saber de anapestos, eneassílabos, heterométricos, redondilhas menores nem alexandrinos. Nem é assim tão importante que você escreva alguma. Quase uma heresia, vamos ao extremo de que talvez nem seja necessário que você leia nada. Veja bem. Eu disse talvez. O que não significa nada. A não ser que é possível ver, sentir, admirar a poesia simplesmente abrindo os olhos. Ou fechando. Abrindo os olhos para o que existe além de cada objeto. Fechando os olhos para o que os xiitas racionalistas insistem em colocar por sobre a imanente poesia das coisas. Porque cada coisa guarda, em si mesma, a poesia. Porque tudo é metáfora, mesmo que você não saiba nem o que é metáfora ou, sabendo, assim não o queira. Porque uma cadeira nunca é uma cadeira. Uma cadeira é a metáfora que usamos, na concretude, para descanso. E lembro de Rubem Alves, que com sua pedagogia dos sentidos nos ensina que nosso corpo carrega pela vida duas caixas: uma, a caixa das ferramentas, a caixa das coisas que precisamos para viver. Outra, a caixa dos brinquedos, aquelas coisas inúteis das quais não necessitamos para viver, mas que são imprescindíveis para sermos felizes. É nessa segunda caixa que estão as bolas de meia, os abraços dos avós, o por do sol com os pés na areia e o rodopiar bêbado ao som de uma música qualquer. É nessa segunda caixa que está Cortazar, que nos ensina de forma absolutamente inútil e, por isso mesmo, imprescindível para sermos completos como seres humanos, como pousar tigres na mesa de jantar.
O mundo, caros e caras, talvez seja uma grande inutilidade. Quem sabe sejamos todos pequenas peças inúteis em um grande sistema caoticamente ordenado que tem a mesma utilidade de uma folha de bananeira que balança ao vento. Não nos iludamos com o que é definitivo, palpável, absolutamente racional. A razão está mais próxima da imaginação do que a certeza está próxima da verdade. Não custa nada obter, por exemplo, a sabedoria vegetal. Aquela, de Manoel de Barros, a sabedoria que recebe com naturalidade uma rã no talo.
Existe, diga, algo mais útil do que isso?