26/01/2007

Trip

a parte do mundo
que mais me causa espanto
não é a ásia
não é a américa
não é o oriente médio
nem a europa pra lá de greenwich
ou o lado de baixo do equador

a parte do mundo
que mais me causa espanto
sou eu mesmo
por isso vivo por aí
turista de mim
andarilho do myself
forrest gump interior
Minidicionário das Pequenas Grandes Coisas

Abraço: 1. habitat natural do carinho; 2. base alimentar de animal popularmente chamado de amor; 3. verdadeiro objetivo do gol; 4. porto seguro; 5. prozac natural; 6. beijo de umbigos; 7. transfusão de afeto; 8. ato de envelopar quem se ama; 9. Espantalho de saudades; 10. felicidade cheia de braços; 11. abrigo anti-aéreo; 12. sistema de calefação ecologicamente correto; 13. plano B de quem dá adeus; 14. apelido de um senhor de nome amplexo; 15. AR 15 do tamanduá; 16. aquilo que Gil manda para Terezinha, para o Chacrinha e para a torcida do Flamengo; 17. antônimo de longe. (Ex.: “Vem, moça de abril, e me dá um abraço com seu sorriso e me leva pra bem longe da saudade de quem um dia ainda vamos ser.”. – in Coisas de Amor Largadas na Noite, A. Gonçalves)

(para ler mais verbetes do Minidicionário, clique AQUI)

25/01/2007

Título: Tempo do Senhor
Fotógrafo: Sebastião Bisneto (Teresina, Piauí)
Link para o fotógrafo: AQUI

Esse moço, Sebastião, promete.
(aproveite e conheça o Intacta Retina, um dos blogs dessa minha, como diria, holding virtual)

23/01/2007

Framboesa de Ouro

Framboesa de Ouro é um troféu dado aos piores do cinema. Um Oscar às avessas.
Sharon Stone concorre este ano.
Seu par de seios concorre na categoria "Pior Dupla Em Cena".
Veja mais no Cine Pathé.
Não, não os seios. Sobre o Framboesa.
Interesses

não interessa
se o tempo urge
e a vida corre depressa

não interessa
se a morte é certa
se o pão está caro
se a China tem bomba
se um buraco se abriu
realmente, não interessa

não interessa
se o mundo está louco
se o dinheiro está pouco
se o povo está rouco
não mesmo, não interessa

o que interessa, de verdade
o que interessa, e isso não se discute,
é que no peito uma coisa sempre bate
é que no corpo uma coisa sempre corre
é que no sonho uma coisa sempre voa
é que nos olhos uma coisa sempre brilha

isso sim, é o que interessa
para o resto
nenhuma pressa.

18/01/2007

LEMBRETE:

Cine Pathé (eu falando sobre cinema)
Intacta Retina (fotos, minhas e de gente melhor que eu)

Passa lá.

17/01/2007

O Poço Tá Chamando a Gente
Agora, deu-se. Como se já não bastasse tudo de atrapalhado que vem acontecendo nesse país, até a terra anda faltando debaixo dos pés do brasileiro. Já não se fica seguro em nenhum lugar: nem no mar, nem no ar, nem no chão, nem no restaurante, nem no carro, nem no semáforo, se bobear nem no banheiro que, diz um amigo meu, é o único lugar do mundo onde você pode ser você mesmo sem ninguém ficar te vigiando. Ou não.
Anda difícil ser otimista. Esse negócio do buraco do metrô de São Paulo mostra que tem muito mais coisa entre o céu, a terra, as empreiteiras e tudo o mais, do que supõe nossa vã filosofia. Impressiona a falta de autoridade, a falta de fiscalização, a falta de vergonha na cara, a falta de um mínimo de senso de compaixão pela gente bronzeada e morta de vergonha e medo que quer mostrar seu valor. O buraco do metrô de São Paulo não é o fundo do poço: é o começo. Melhor a gente se segurar pra não cair dentro dele.
O Rio de Janeiro continua lindo. Achei lindo o desfile do Sérgio Cabral passando em revista as tropas federais que vão lá dar uma forcinha pra polícia deles. São uns 500 homens e mulheres, tudo muito bacana. Há anos se diz que repressão não basta, mas fazer o quê. Nem isso foi feito direito. Agora, estão lá, todos fardadinhos em frente ao Governador que chegou batendo um bolão pra platéia. Dez minutos depois a marginália toca fogo em ônibus e carros. Não é desafio, não. É gozação mesmo. Só a Rocinha tem mais de 500 mil habitantes. Uns 499 mil e quinhentos são gente boa. Sobram uns 500 nas tropas da bandidagem. Os 500 do Cabral não devem dar nem pro começo. Até porque bandido não precisa esperar licitação para comprar armas e munição, não precisa de concurso nem de grandes coisas a não ser botar o trabuco na cintura, amarrar a camisa na cabeça e fumar um de vez em quando. Esperar pra ver. Mas, ao que parece, tudo como dantes: passa um tempo, os homens da lei deixam as trincheiras e tudo volta ao anormal. O buraco, assim como o do metrô de São Paulo, é bem mais embaixo.
Por aqui na Chapada? Olha, lembro que vivia me gabando pro povo lá do “sul maravilha” que aqui eu dormia de janela aberta. Acabou. Mal dá pra abrir janela durante o dia, que dirá à noite. Não dá mais pra ficar tranqüilo nem almoçando domingo no restaurante e dando a folga da secretária. Daqui a pouco vamos ter o Boa Noite Teresina, o Boa Tarde Teresina, o Bom Apetite Teresina e o Dorme Mais um Pouco Teresina. Pode ser que dê resultado. Ninguém sai mais de noite, nem de tarde, nem de dia, nem almoça e nem janta fora.
Enquanto isso, a gente vai levando. Ferro, claro. Aqui, ali e acolá no Planaltão, todo mundo briga pelos cargos mais “importantes” no Governo, afinal, política é um jogo, e ministérios e secretarias devem ser “distribuídos” entre os aliados que propiciaram a estrondosa vitória. Justo. Muito justo. Mas, vem cá: o que importa não é mesmo escolher as pessoas mais indicadas para determinadas funções do que os mais amigos ou camaradas de primeira hora?
Sempre me dizem que sou meio ingênuo. Deve ser. Não entendo bem as coisas.
Mas o buraco tá lá. De boca aberta, esperando a gente cair dentro dele. Vê se não me empurra, por favor!
Classificados
Passa-se, sem nenhum custo, uma gripe em ótimo estado. Acompanha: um tubo de vitamina C sem 3 comprimidos, dois envelopes de Vick Pyrena e meia caixa de lenços de papel. Estuda-se troca por frieira, desde que em estágio inicial. Interessados favor entrar em contato via e-mail: atchim@cofcof.com.br.
Não que isso mereça uma placa comemorativa ou uma citação no noticiário da tv...
Mas não é que devagarinho vem voltando aquela comichão de juntar letrinhas e fazer textinhos meio assim, como os de antigamente?

04/01/2007

Gigante pela própria natureêzá!

Estudei em uma escola pequena, chamada Dom Bosco, em Belo Horizonte, do Jardim até a 4ª série. Nada a ver com a escola de mesmo nome que existe aqui, fora o nome. Era uma escola particular, bem pequena, e ficava ao lado da casa da minha avó, onde eu morava. Sabe-se lá porque, eu era o aluno que morava mais perto, separado da escola apenas por um muro. E era o que mais chegava atrasado. Talvez daí venha minha irritação atual ao me atrasar para o que quer que seja. Eu vivia sendo repreendido, e não adiantava dizer que não era minha culpa. Hoje, se não saio repreendendo formalmente ninguém que se atrase a um encontro qualquer comigo, não quer dizer que eu não esteja putinho das calças com o tal atraso. Marcou? Faz o favor de chegar na hora.
Eu tinha uma professora de canto. Esqueci o nome dela. Pena. Mas ela era alta, muito alta. Pelo menos pra mim, que sempre fui baixinho. Tinha um cabelão enorme, usava óculos escuros o tempo todo. Eu pensava que ela era cega, mas não era. Não sei porque os óculos escuros. Era feia. Mas estava sempre muito bem arrumada. Até demais. Meio perua, diria. Acho até que minha professora de canto me ajudou a definir um conceito interno de perua, antes mesmo de eu saber o que era isso ou, até, de existir essa expressão. Usou brilho durante o dia? Perua. Vai ao salão mais de duas vezes por mês? Peruazinha. Anda, durante o dia, toda emperiquitada, com algo mais do que um jeans e uma blusa simples? Meio perua, no mínimo. Claro, isso é relativo. Mas, enfim, não consigo evitar.
Minha professora de canto tocava piano. E a gente aprendia a cantar ao som do piano. Mas o engraçado é que, dessa época, não lembro de nenhuma música. A gente só aprendia hino. Eram os anos 70. Era um tal de “Brava Gente, Brasileira” pra cá, “salve lindo pendão da esperança” pra lá, “nós somos da pátria a guarda” pra acolá, “liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós” pra outro lado. E a gente tinha de hastear a bandeira do Brasil pelo menos uma vez por semana. Toda a escola perfilada, aquele bando de meninos e meninas de 5, 6 anos paradinhos, vendo a bandeira subir no mastro verde amarelo. A justificativa era a de que assim aprenderíamos a valorizar o símbolo nacional. Deveríamos ser patriotas. E isso era uma obrigação. Ai de quem não aprendesse o Hino da Marinha. Ai de quem tirasse meleca durante o hasteamento da bandeira. Ai de quem, do alto de seus cinco anos, cuspisse entre os dentes no pé do colega ao lado durante a solenidade patriótica.
Lembrei de tudo isso ao assistir uma matéria na tv que mostrava que as escolas municipais de Teresina, e as particulares também, agora são obrigadas por lei a ter, em seus uniformes, do lado esquerdo do peito ou na manga esquerda, uma bandeira do Brasil. Justificativa: valorizar o símbolo de nossa pátria. Estimular o patriotismo. Não duvido das intenções do nobre edil que criou a lei, nem de seus pares que a aprovaram. Infelizmente, não me recordo aqui do seu nome. Creio que seja sincero em suas intenções, e realmente em um aspecto ele tem razão: falta patriotismo em nossa gente. Mas, vem cá: sinceramente, alguém vai ser patriota por decreto? Algum jovem vai ser patriota por ter uma bandeira do Brasil na manga da camisa?
Devem ter mais o que fazer na Câmara. Melhor tratar de trabalhar na criação de leis que garantam escolas de qualidade, evitem a impunidade aos corruptos e ajudem a combater a violência, a fome e o desemprego. Coisas do gênero. Isso sim, seria estimular o patriotismo. Isso sim, daria ao jovem a vontade de ser patriota e o orgulho de sua cidade, seu estado e seu país.
O resto é pura bobagem e cheira, e muito, a demagogia.