24/09/2007

cannibalis

da poesia
congelada
quero só o que escorre
pelas frestas
pelas bordas
pelo ralo
pelas costas

deixa intacta a letra morta
deixa o corte
fecha o lacre
deixa o corpo
esconde as sobras
dos famintos
cães da noite

da carne avermelhada
quero um pouco do suor
quero só o que importa
polpa fresca
intemperada
fibras mortas
devoradas

da poesia
quero o sal
quero o gosto
a mordedura
até que o vento
doure os nervos
e a mandíbula proeminente
solte o verbo
morda a língua
e engula a dor presente.

9 comentários:

Anônimo disse...

Querer só o melhor dos mundos...

J. disse...

"solte o verbo
morda a língua
e engula a dor presente."

escrevendo e humilhando, hein, andré gonçalves?

Raimundo Neto disse...

Chegue pelas bordas procurando carne em minhas palavras. Talvez não encontre sentido. Sei bem de um convite que tem pra você no meu blog.
É um convite, em primeiro lugar. Depois, há uma exigência: outras três indicações.
Nunca fui adepto disso (dessas "correntes"!). Mas partiu de moços tão engajados; não tive como recusar.
Espero o senhor por lá!
Abraços!

Anônimo disse...

A todos o Melhor.....

Anônimo disse...

Pq demoro a vir por aqui, se é tão bom quando venho...
Acho q vou precisar do emprego de guarda noturno.

bj,
Sam

Anônimo disse...

André,

teu poema é belíssimo!

Tem a "polpa fresca, intemperada"...


Obrigado pela visita e comentários.


Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.

Abraços, flores, estrelas..

Ana Patrícia disse...

olha ..
tanto que ja tihna lido, encontrado os teus textos por aí, enrolado em outras letras ....

Não sabia do blog, não mesmo!!!


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Volto agora. Foi bom chegar.

Abraço

Anônimo disse...

O poema esta muito bom, mas o que me deixou estarrecido foi do post anterior, esta genial.
Abraço

joanafpires disse...

quem és tu, andré gonçalves?