16/09/2009

Eu sou fã do Greenpeace. Acho necessário. Alguém tem de pensar nas baleias, nos golfinhos, nas baratas, nos percevejos, nos alces albinos do norte da Noruega. Precisamos desses radicais que defendem coisas para as quais nós, simples mortais, cagamos e andamos no nosso dia a dia. MST, WWF, essas coisas. A gente fica tão cego, blindado no nosso mundo, que às vezes (só “às vezes”?) esquece que do lado de fora do nosso umbigo tem gente, bicho, árvore e blocos flutuantes de gelo que precisam de alguém que dê porrada no sistema por eles. Quem poderia imaginar que fazer xixi no banho pode salvar o planeta, senão esses malucos? Meu projeto para a velhice, um dos, é Publicitários do Bem. Algo entre Greenpeace e Doutores da Alegria. Aos poucos eu conto. Então. Acho ótimo o Black Pixel. Até coloquei aqui. Aquele lance das pequenas coisas impensáveis pelos reles, que salvam da extinção os dois últimos pingüins pernetas do Universo. De grão em grão, o despertar da consciência, e blá. Mas não gostei, mesmo, do sorridente representante do Greenpeace na TV ao lado do alcaide. Ótima iniciativa, uma prefeitura blackpixelzando geral. Mas é de graça. Não é nenhum investimento. E vira imagem para campanha eleitoral. Não quero o Greenpeace de garoto-propaganda de partido nem de nada. Os governos, em geral, fazem isso. Mas não fazem aquilo. Veja o pré-sal. É a transformação do Brasil. É emprego e dignidade. É justiça social. É o Brasil na Opep. É. Mas, e a ecologia? E o álcool? E as fontes renováveis de energia? Sou absolutamente tapado em questões petrolíferas, mas acho que o petróleo é a base do processo de degradação. Ou não. Mas digamos que seja. No mínimo, uma das. Tem o carvão. As vacas. Mas o petróleo é o tal. Cadê o carro a ar? Cadê o transporte público eficiente e acessível para todos? Cadê os Tietês do meu Brasil varonil? E tome nós fazendo xixi no banho. E tome nós fazendo coleta seletiva do lixo, que no caminhão é “desseletizado” e misturado naquele liquidificador barulhento que joga fumaça de óleo diesel no ar, e joga o lixo no lixão ali, pertinho daqueles bairros populosos, abarrotados de pobres. E tome asfalto nas ruas e incentivo para compra de carros e necas de trens, metrôs, ciclovias. É assim. Sempre somos os culpados e os responsáveis pela transformação do planeta. E incapazes de perceber que o buraco é mais embaixo. Ou mais em cima. Ou por todo lado, e que sim, fazemos nossa parte, mas cadê a parte dos que representam 70, 80, 90 por cento da verdadeira degradação do meio ambiente? Greenpeace, esqueça os alcaides, por melhor intencionados que sejam. Fiquem mesmo com as baleias, os black pixels e as morsas banguelas. É lá que vocês devem estar. É lá que vocês são os bambambans. É lá que nós gostamos de vocês. É do radicalismo de vocês que a gente precisa.

6 comentários:

Anônimo disse...

Talvez as baleias, os black pixels e as morsas banguelas não estejam rendendo tanto quanto antes.

#voltagreenpeace o/

Rosa Magalhães disse...

Um apelo mais do que válido, André! Coisa que se mistura demais desanda...

Bjo!

rigoberto.lima disse...

sempre cito teus textos nas aulas de jornalismo... são pequenos momentos onde o ridículo da seriedade acadêmica vai dar um passeio e a leveza do descompromisso inteligente entra pra falar um pouco pra turma. óbvio, sempre deixando claro que são idéias suas.
sempre farinhada.

rigoberto.lima disse...

sempre cito teus textos nas aulas de jornalismo... são pequenos momentos onde o ridículo da seriedade acadêmica vai dar um passeio e a leveza do descompromisso inteligente entra pra falar um pouco pra turma. óbvio, sempre deixando claro que são idéias suas.
sempre farinhada.

Alline disse...

E tomara que eles não façam aliança com os alcaides, não acreditem no que ouvem, não aceitem as justificativas e sigam em frente. Independentes.

André Gonçalves disse...

Itallo: volta, Greenpeace!

Rosa: minha vó dizia: quem com porcos anda...

rigoberto: quanta honra. Responsabilidade a mais, agora. Obrigado.

Alline: independência. não pode abrir mão.