12/05/2009

Uma das notícias mais preocupantes a respeito do futuro da humanidade vem da França. Mas quase ninguém vê. Professores das 83 universidades francesas, Sorbonne incluída, paralisaram suas atividades. Já são mais de 3 meses parados. Denunciam a privatização do sistema do ensino superior na França. Por causa da malfadada crise, a desculpa que o capital precisava para matar o não-lucro. Entre algumas mudanças, a mais assustadora. Para mim e para ela, pelo menos. E, acreditamos, para todo mundo. Hoje, o Estado francês financia 75% dos gastos das universidades. Com a mudança, passam a poder receber 100% dos custos via iniciativa privada. Isso. Universidade X-Mc Donalds. Universidade Y-Volkswagen. Thamy Ayouch, professor de Psicologia na universidade Lille 3, diz: “A Microsoft terá interesse em financiar estudo na área de informática, mas não um trabalho sobre a poesia medieval. Todas as pesquisas não lucrativas desaparecerão. Isso afeta principalmente a área de ciências humanas". A gente conhece o poder do capital. É isso que vai acontecer. Se ninguém fizer nada, é isso. Não haverá pesquisas para nada que não gere lucro futuro. Lucro financeiro. Lucro para alguém. Para uns poucos. Esqueça o conhecimento puro e simples. Esqueça o saber para evoluir. Só vale o retorno do investimento em cash. Euro. Dólar. O que seja. Idiocracia. Aí a assessora da ministra fulana de tal diz que “a França é o único país europeu onde as universidades não são autônomas. Porque o modelo não funcionaria?”. Funcionaria. Depende de para quem. Mas os professores franceses são franceses. E estão resistindo. Poucas universidades voltaram a funcionar. A maioria ainda em greve. Eles, os professores franceses, militam em cafés. Dão aulas em livrarias. Isso é protesto. Adorei a “ronda dos obstinados”. Eles, andando em círculos dia e noite, relembrando o “circulo do silêncio”. Adorei. Nesse momento eu queria ser francês. E professor. E andar em círculos na “ronda dos obstinados”. Dá inveja, sabe? Porque nós, né? Sinceramente. Nós, uma vergonha. Eles? O mundo depende um pouco deles. Allons, enfants!

*a matéria, completa, aqui.

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