24/04/2009
Há poucos dias Susan Boyle era um exemplo de como somos preconceituosos, mesquinhos, arrogantes, e invariavelmente nos deixamos enganar pelas aparências. Uma "prova" de que somos, todos, fúteis. O vídeo de Susan Boyle nos chegou como um tapa na cara. E, por alguns instantes, choramos e pensamos que somos mesmo uns merdas, e que podemos ir além das convenções, das imposições da mídia e blá. Só que o preconceito não aceita desaforo. Susan Boyle já não parece mais Susan Boyle, e começa a se transformar na imagem que queremos ter de Susan Boyle. Uma voz daquelas não pode ter no pescoço o colar de Pedrita. Não pode ter cabelos grisalhos. Não pode ser gorda. Não pode ser feia. Não pode. A voz de Susan Boyle precisa ser reforçada por roupas que a emagreçam, precisa de uma dona mais jovem, precisa sair de uma garganta mais cool. E estamos todos repetindo: ah, agora ela está bonita. Agora ela está se cuidando. Agora ela parece alguém como nós. Não, Susan Boyle, você não pode ser diferente. Tem de ser uma de nós. Mesmo com sua voz, você tem de ser mais parecida com o que queremos que você seja. Nunca aprendemos, mesmo.
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3 comentários:
Somos nós, domesticando tudo o que nos parece diferente.
Depois a gente continua a nossa discussão sobre a sociedade do espetáculo.
Bjs.
Sam
Ontem isso foi falado à mesa, lá em casa, enquanto devorávamos pizza.
Quem comentou? Meu filho de doze anos.
Palmas pros dois.
Um beijo,
Idão
Eu não tenho palavras para isso, André...
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