Ainda não consegui assimilar o termo “
orkutização”. É fácil perceber o tom de crítica ou desagrado, mas ainda não tenho certeza se consegui saber exatamente a quê se referem quando usam essa palavra para, por exemplo, reclamar do Twitter: “estão orkutizando o Twitter”; “o Twitter irá resistir à orkutização?”. Popularização? Vulgarização? O que é, mesmo, essa “orkutização”? Sinto uma contradição, pois boa parte dos que se dizem contrários à tal “orkutização” enchem a boca para falar das redes sociais como a panacéia dos problemas globais. Mas quanto mais as redes sociais se tornam sociais reaparece, nos moderninhos de plantão, o mesmo ranço de sempre. De sempre. De sempre. E que se disfarça de várias maneiras, mas reaparece em pequenas atitudes. Como no ser contra a “orkutização” do Twitter. Nada, ou praticamente nada, no último milênio, é tão democrático quanto a web. Com ares de anarquia, graças a nós. Claro, a publicidade quer monetizar. Quer monetizar tudo. É da sua essência. Monetizar. Ô, palavra. Quer monetizar qualquer pedaço de parede. Claro que quer monetizar a web. Se eu pudesse, não queria nada monetizado na web. Pública e gratuita e sem publicidade, já! Porém. É isso aí. Mas vamos nos dar por satisfeitos se tudo for “orkutizado”, se é que entendi o reverso do termo. Tomara que todos possam usar o Twitter, o Orkut, as redes sociais, e entupam tudo com fotos, vídeos, textos e péssimo gosto para música. E tudo isso fique lado a lado com o que de melhor o conhecimento humano pode produzir. Tomara que todos em Mulundú do Norte possam ter um blog. E possam acessar o que quiserem. Quem dera o mundo todo “orkutizado” onde você possa optar, simplesmente, por acompanhar ou não o que alguém pensa ou diz, sem criar guetos ou points para os bem-nascidos ou lugares exclusivos para minorias-dominantes-esclarecidas-brancas-caucasianas-de-nível-superior-gênios-do-novo-mundo-ungidos-pela-sabedoria. Evidente. Evidente que haverá, sempre, o melhor e o pior. O cult e o popularesco. O esteticamente belo e o grotesco. Mas quem decide isso? Você? Você decide onde os diferentes, os menores, os menos privilegiados, podem ou não estar? Sou eu quem decido? Isso tem outro nome. Aliás, vários. Mas você não vai gostar de saber quais. Fique na sua. Deixe o outro existir. Deixe o mundo se “orkutizar”. Isso dá caldo. “O” caldo. É isso que importa. Vamos engrossar o caldo. Agradecemos.