Claro, você pode falar mal de Michael Jackson.Você é essa pessoa virtuosa, com vida sexual "normal", casta.
Você não cantarola músicas do Fantasmão. Não tem nenhuma esquisitice.
Um exemplo de ser humano.
um blog de idéias.inc - Fazedora de Coisas
De Irã eu entendo menos que de acidente de avião. Sei que era Pérsia, aliás, nome muito melhor. Sei da guerra contra o Iraque. Sei de Khomeini, que derrubou a Ditadura de Pahlevi (que tinha o pai como simpatizante do nazismo) e instaurou a República Islâmica onde ele, Khomeini, se tornou o turbante grosso, mandando, desmandando, matando e orando. Sei que Moussavi, o supostamente derrotado em eleição fraudulenta, saiu do turbante de Khomeini. E que Ahmadinejad é radical de direita, e podemos imaginar o que significa ser radical de direita em uma república islâmica xiita. Enfim. Tudo indica que a tal eleição foi mesmo fraudulenta. E o que está acontecendo lá? Não sei. Tem gente que está escrevendo coisas interessantíssimas a respeito, e tem mais o que dizer que eu. Gostei da entrevista com Marjane Satrapi, autora do lindíssimo Persépolis. E percebo que estava pensando um pouco o que ela afirma. Que o fato desses milhares de pessoas irem às ruas de Teerã não pode ser visto como sinal de que o regime iraniano vai cair. Mesmo que Moussavi ganhe na tal da recontagem, é preciso ser quase Polyana para acreditar em alguma mudança absolutamente relevante. E que a coisa é grave. Talvez por motivos que não possamos saber daqui, à distância. O que há, lá, é uma espécie de golpe. Entre os da mesma linha. Não haverá revolução. Mas a mim, aqui do outro lado do mundo, chama atenção o fato deles, os iranianos, irem às ruas. É um precedente perigoso, do ponto de vista do regime turbantino de Khamenei. O povo vai gostar disso. E mesmo que a queda do regime não aconteça agora, os iranianos estão sentindo o gosto do dizer o que se quer. Os jovens. Os que pensam como jovens, no melhor sentido da palavra. Aparentemente eles estão sem saber como isso vai acabar. E os turbantinos prendem e matam pessoas no meio da rua.
E derrubam a internet. O Twitter é o que há, hoje. Não é a panacéia do mundo, mas é um recurso genial. Eu acredito que vai chegar o dia em que não haverá mais ditaduras por causa da internet. Tenho certeza disso. Não dá para controlar. Não dá. A melhor coisa é acompanhar o que está acontecendo pelo Twitter. E ver fotos dos iranianos nas ruas, mesmo levando porrada de um lado ou de outro. Leia este post da Mary W e, principalmente, veja a foto. E segue o exercício número um do cursinho prático de construção de teorias de conspiração. Acompanhe o raciocínio:
Não tenho o que comentar sobre o acidente do Air Bus. De acidente de avião o máximo conhecimento que tenho é o de que nunca quero estar dentro de um negócio desses despencando, seja no mar ou em terra. De acidente de avião também sei de meu primo Padreco, em Alfenas, que sobreviveu a, sei lá, cinco ou seis. Aviões pequenos. Ele é piloto. Tem uma placa de aço na cabeça. Diz que é uma espécie de parabólica, e que ela aumenta em época de calor e fica parecendo que na cabeça dele tem uma frigideira. Maluco, o Padreco. Uma vez ele e um amigo iam transportando um corpo, de Alfenas para algum lugar. Um morto. O avião subiu, o morto arrotou. Ou algo parecido. Padreco desceu na primeira plantação de café que viu pela frente. Estragou um pouco o avião, mas dane-se. Um morto arrotando. Pernas pra que te quero em meio ao cafezal. O médico explicou que eram gases. O avião subiu, o morto expeliu os gases. Só isso. Só isso também sobre o Air France número tal. Não há o que dizer. Descobrir as causas se possível, para tranqüilizar o coração das famílias, e tocar a vida. Saber o que houve para que nunca mais ninguém morra indo para Paris. Morrer indo para Paris não pode ser. Não pode.
Há uma grande possibilidade de que eu esteja ficando neurótico, obcecado ou, quem sabe, mesmo, velho. Sabe-se que pessoas acometidas por essas “enfermidades” podem começar a ver coisas onde não as existem, ou não ver o que se está diante dos olhos. Enfim, não me importa. Mas, quando pensamos que não há mais nada de pior a ser inventado em matéria de entretenimento, me aparece esse Jogo Duro da Globo. Muito mais ainda me assusta saber que aquilo é uma cópia de uma outra coisa inventada em outro lugar. Ou seja: andamos tão mal que somos incapazes de criar algo melhor que aquilo? Quem sabe um alento: talvez a cópia seja motivada pela nossa incapacidade de criar algo tão ruim. Não interessa, tanto faz. O fato é que Jogo Duro é uma fantástica metáfora sobre nosso tempo, média feita, e deixa no ar uma perigosa mensagem para o futuro: a de que cada vez mais devemos nos meter com os pés na lama, nos misturar aos mais repugnantes animais e deixar para trás o mínimo senso de autopreservação, dignidade ou seja lá o nome que ainda se dá a algo como isso. O que vale é pegar uns trocados e sair correndo, deixando o último trouxa para trás. Não sei se ainda temos jeito.