13/10/2008

A fome e o delírio

É evidente que as soluções para os grandes problemas da humanidade passam por atitudes e ações mínimas, e soluções até mesmo infantis.
Vejo, por exemplo, que o governo americano despejou ou irá despejar algo em torno de 800 bilhões de dólares para salvar bancos, especuladores, bolsas de valores, agiotas em geral e, de certa maneira, todo o sistema financeiro mundial, em colapso coincidentemente às vésperas da eleição presidencial da pátria-mother. E que esse mesmo governo já torrou algo perto de 3 trilhões de dólares na invasão do Iraque, em busca de armas nunca encontradas e para enforcar Saddam Hussein. E que, no mundo, gasta-se um trilhão e meio de dólares por ano em armamentos, o que dá por alto 184 dólares por habitante do planeta. E que mais de dois terços da população americana, e mais da metade da população européia, estão com ou prestes a ter problemas de saúde decorrentes da obesidade, e que hoje a oferta de alimentos no planeta é tão grande que daria para alimentar duas vezes a população mundial. E que toda a fome mundial seria banida por mais de um ano, com apenas 400 milhões de dólares, e que se evitaria a morte diária de quase 100 mil pessoas em decorrência da fome e da desnutrição simplesmente fazendo uma vaquinha internacional que garantiria uma dieta mínima de 2 mil calorias a cada habitante do mundo a um custo médio de cinco dólares diários. Não seria mais razoável, então, antes de qualquer coisa, alimentar e cuidar e solucionar algo tão óbvio e evidente, e depois partir para a mesquinharia bélica internacional e a ajuda e manutenção do falso equilíbrio do capital?
Vamos parar por aqui, nestes exemplos. Já são suficientes para mostrar que qualquer criança de seis anos poderá responder tranquilamente a qualquer questão que envolva as maiores dúvidas e os grandes problemas seculares e os que porventura venham a existir no planeta Terra. Um grupo de crianças de pré-primário é capaz de conceber respostas muito mais rápida e inteligentemente do que na maioria das convenções e encontros de altos dirigentes internacionais.
Haverá quem consteste despejando teorias econômicas e sócio-políticas, estudos os mais diversos, e dizendo que meu raciocínio é pueril, simplista, imbecil e delirante. Mas mantenho-me na posição de exercer livremente meu sagrado direito ao delírio.
Espero que argumentem em contrário de forma convincente pois, até agora, não me ocorreu nenhum argumento que possa derrubar minha tese de que nada mais prioritário do que o ser humano, nada mais primordial que garantir a cada um não muito, mas o mínimo à sua sobrevivência digna e segura.
Qualquer teoria econômica ou social em contrário é, sim, irracional e delirante. Burra, mesmo.

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