...
Ele estava chegando. Ela meteu a mão na bolsa, remexeu, remexeu, e aí percebeu que tinha esquecido os sorrisos em casa. Ele abriu a porta. Ela chamou o garçom e perguntou se havia sorrisos no cardápio: não. Ele chegou e sorriu. Ela não. Ele sorriu outra vez. Ela disfarçou. Ele percebeu. Ela se desculpou. Ele entendeu. Ela chorou. Ele tocou a mão dela. Ela corou. Ele beijou cada um dos dedos dela. Ela umedeceu. Ele chamou o garçom e pediu a conta. Ela foi ao banheiro retocar a maquiagem. Ele pagou. Ela pediu à moça loira que sorria um sorriso emprestado. Ele esperou. Ela agradeceu à moça loira que sorria pelo empréstimo do sorriso. Ele se surpreendeu. Ela sorriu. Ele chorou. Ela nunca mais precisou comprar sorrisos. Ele os dava a ela, embalados em grandes caixas douradas com laços de fita.
(2004)
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