
Há poucos dias Susan Boyle era um exemplo de como somos
preconceituosos,
mesquinhos,
arrogantes, e invariavelmente nos deixamos enganar pelas
aparências. Uma "prova" de que somos, todos, fúteis. O vídeo de Susan Boyle nos chegou como um tapa na cara. E, por alguns instantes,
choramos e pensamos que somos mesmo uns
merdas, e que podemos ir além das
convenções, das imposições da
mídia e blá. Só que o preconceito não aceita
desaforo. Susan Boyle já não parece mais Susan Boyle, e começa a se transformar na imagem que queremos ter de Susan Boyle. Uma voz daquelas não pode ter no pescoço o colar de Pedrita. Não pode ter cabelos
grisalhos. Não pode ser gorda. Não pode ser feia. Não pode. A voz de Susan Boyle precisa ser reforçada por roupas que a emagreçam, precisa de uma dona mais
jovem, precisa sair de uma garganta mais
cool. E estamos todos repetindo: ah, agora ela está
bonita. Agora ela está se cuidando. Agora ela parece alguém como
nós. Não, Susan Boyle, você não pode ser diferente. Tem de ser uma de nós. Mesmo com sua voz, você tem de ser mais parecida com o que queremos que você seja. Nunca aprendemos, mesmo.
3 comentários:
Somos nós, domesticando tudo o que nos parece diferente.
Depois a gente continua a nossa discussão sobre a sociedade do espetáculo.
Bjs.
Sam
Ontem isso foi falado à mesa, lá em casa, enquanto devorávamos pizza.
Quem comentou? Meu filho de doze anos.
Palmas pros dois.
Um beijo,
Idão
Eu não tenho palavras para isso, André...
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