31/10/2008

Hoje, 20h na Jockey Fm (88,1 - Teresina), estréia Qualquer Coisa.
Com Samária Andrade, Caú Duarte, Phylippe Moura e este, que vos tecla.
Produção de Nayara Felizardo.
No estúdio, a Dra. Aderlane Maia conversa sobre as "Algemas da Paixão - Ciúme: Amor ou Obsessão?"
Qualquer Coisa vai rolar sempre às sextas-feiras, a partir das 8 da noite.

30/10/2008

O mundo é um lugar curioso. Agora essa polarização mundial Obama x McCain. E, no Brasil, as pessoas nem lembram em quem votaram para vereador no mês passado e vestem camiseta pró-Obama. Ou pró-McCain, não vem ao caso. A maioria nunca foi nem irá comer hot-dog no Central Park e acredita que uma coisa ou outra coisa é a melhor para o mundo, ou seja, Ustates e adjacências. Em Teresina, ressurgiram dinossauros que pareciam extintos e nasceram filhotes de dinossauros de ovos paridos no calor e apregoa-se, aos três cantos e mais o Rio Parnaíba, que houve uma renovação. Fake. Gabeira perdeu. Kassab ganhou. E, Brasil afora, todo mundo sabe, chega a dar calafrios. Sim, Obama e McCain. Se McLuhan vivo estivesse, McLuhan o que diria? Vamos eleger o chefe da tribo. Porém, e sempre o há, o mundo é um sistema dinâmico aberto. Efeito borboleta, dear. Acaba que a gente toma partido, mesmo. Só não custa lembrar que Obama não é Luther King. The King não usava teleprompter. Viveu e morreu defendendo uma utopia necessária. E nem era afroamericano: era negro. Com muito orgulho, com muito amor. Há que se acreditar que "the bigdick of the world" sendo negro(afroamerican, ok), com Hussein no nome e uma consoante a lhe diferenciar do inimigo número 1 de seu país simbolize alguma coisa. Que a gente não sabe ainda muito bem o que é, e torce pra que seja muito bom. É estranho e algo passível de suspeição alguém de 46 anos ter sua autobiografia concluída. Very strange. Mas seus clipezinhos são ótimos. O que está aí embaixo é o que há de melhor na história da política contemporânea da galáxia. O cara, pelo menos, se declara pró-isso, mais ou menos pró-aquilo e, aparentemente, pró-nosotros. E “hope” é uma palavra linda, útil e que parece que fica bem na voz dele. Então, é Obama na cabeça. Oba-obama. Menos mal. Alá abençoe o planeta. A hope é a última que morre. Com o perdão dessa pequena infâmia.


Obama '08 - Vote For Hope from MC Yogi on Vimeo.

29/10/2008

é muito boa a sensação de que não estamos sozinhos.

***

Novo capitalismo?
Outubro 28, 2008 by José Saramago

Há uns dias atrás, várias pessoas de diversos países e diferentes posições políticas, subscrevemos o texto que reproduzo abaixo. É uma chamada de atenção, um protesto, a expressão do alarme que sentimos diante da crise e das possíveis saídas que se afiguram. Não podemos ser cúmplices.


“Novo capitalismo?”

Chegou o momento da mudança à escala pública e individual. Chegou o momento da justiça.

A crise financeira aí está de novo destroçando as nossas economias, desferindo duros golpes nas nossas vidas. Na última década, os seus abanões têm sido cada vez mais frequente e dramáticos. Ásia Oriental, Argentina, Turquia, Brasil, Rússia, a hecatombe da Nova Economia, provam que não se trata de acidentes conjunturais fortuitos que acontecem na superfície da vida económica mas que estão inscritos no próprio coração do sistema.

Essas rupturas, que acabaram produzindo uma contracção funesta da vida económica actual, com o argumento do desemprego e da generalização da desigualdade, assinalam a quebra do capitalismo financeiro e significam o definitivo ancilosamento da ordem económica mundial em que vivemos. Há, pois, que transformá-lo radicalmente.

Na entrevista com o presidente Bush, Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, declarou que a presente crise deve conduzir a uma “nova ordem económica mundial”, o que é aceitável, se esta nova ordem se orientar pelos princípios democráticos – que nunca deveriam ter sido abandonados – da justiça, liberdade, igualdade e solidariedade.

As “leis do mercado” conduziram a uma situação caótica que levou a um “resgate” de milhares de milhões de dólares, de tal modo que, como se referiu acertadamente, “se privatizaram os ganhos e se nacionalizaram as perdas”. Encontraram ajuda para os culpados e não para as vítimas. Esta é uma ocasião única para redefinir o sistema económico mundial a favor da justiça social.

Não havia dinheiro para os fundos de combate à SIDA, nem de apoio para a alimentação no mundo… e afinal, num autêntico turbilhão financeiro, acontece que havia fundos para que não se arruinassem aqueles mesmos que, favorecendo excessivamente as bolhas informáticas e imobiliárias, arruinaram o edifício económico mundial da “globalização”.

Por isto é totalmente errado que o Presidente Sarkozy tenha falado sobre a realização de todos estes esforços a cargo dos contribuintes “para um novo capitalismo”!… e que o Presidente Bush, como dele seria de esperar, tenha concordado que deve salvaguardar-se “a liberdade de mercado” (sem que desapareçam os subsídios agrícolas!)…

Não: agora devemos ser resgatados, os cidadãos, favorecendo com rapidez e valentia a transição de uma economia de guerra para uma economia de desenvolvimento global, em que essa vergonha colectiva do investimento de três mil milhões de dólares por dia em armas, ao mesmo tempo que morrem de fome mais de 60 mil pessoas, seja superada. Uma economia de desenvolvimento que elimine a abusiva exploração dos recursos naturais que tem lugar na actualidade (petróleo, gás, minerais, carvão) e que faça com que se apliquem normas vigiadas por uma Nações Unidas refundadas – que envolvam o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial “para a reconstrução e desenvolvimento” e a Organização Mundial de Comércio, que não seja um clube privado de nações, mas sim uma instituição da ONU – que disponham dos meios pessoais, humanos e técnicos necessários para exercer a sua autoridade jurídica e ética de forma eficaz.

Investimento nas energias renováveis, na produção de alimentos (agricultura e aquicultura), na obtenção e condução de água, na saúde, educação, habitação… para que a “nova ordem económica” seja, por fim, democrática e beneficie as pessoas. O engano da globalização e da economia de mercado deve terminar! A sociedade civil já não será um espectador resignado e, se necessário for, utilizará todo o poder de cidadania que hoje, com as modernas tecnologias de comunicação, possui.

Novo capitalismo? Não!

Chegou o momento da mudança à escala pública e individual. Chegou o momento da justiça.


Federico Mayor Zaragoza
Francisco Altemir
José Saramago
Roberto Savio
Mário Soares
José Vidal Beneyto

28/10/2008

21/10/2008


(mais fotos no Intacta Retina)

17/10/2008

Estou escrevendo um artigo sobre o CQC. É mais que um post. É longo. Bem longo. Acho que tem de sair em capítulos. Se é que vai sair. É sobre Tas e CQC. Então, uma prévia. Em poucas linhas. O CQC não é o Jornal Nacional. O CQC não é Globo Repórter. O CQC não é Pânico, porque Pânico é algo que costumam chamar de “humor”. O CQC não é humor. É ironia. É Ernesto Varela e Valdeci. Tem um pé em Thoreau. O CQC é um pouco de reação aos Filtros de Chomsky. Exagerando, Ionesco, Becket, teatro do absurdo. Exagerei. Eu disse. O CQC tem função social. E incomoda o jornalismo porque o jornalismo tenta desesperadamente, por medo, receio, pudor ou conveniência, não incomodar ninguém. Eu gosto do CQC. Eu gosto do Marcelo Tas, muito. Gosto da prótese na mão da assessorazinha de imprensa bonitinha e risonha. Porque desmonta. Porque subverte. Porque desmoraliza o discurso hipócrita. Porque a prótese na mão da assessora não é afronta: é crítica. É constrangimento a quem não tem o menor constrangimento de colocar nas costas de assessores de imprensa responsabilidades que eles não têm. Mas aceitam, pra sair em foto na Exame. Quem aceita sair no Valor Econômico com a legenda Assessor de Imprensa de Tal Coisa Inc. e não se constrange não deve se constranger com o CQC. Quem aceita entrevista como assessor de imprensa de deputado Fulano de Jesus e não se constrange não pode se constranger ao sair no Proteste Já. Ônus, bônus. Excessos. Talvez. Melhor o excesso incômodo que a omissão medíocre. Melhor o bico no balde que o rabo preso. Eu queria um CQC em cada Estado. Eu queria ser jornalista. Eu queria ser CQC. Jornalistas queriam ser CQC. E deveriam. Mas não sabem que deveriam, ou esquecem. E fazem coletivas com a Gysele Soares assinando Playboy como se isso fosse jornalismo. Não é. O CQC também não é jornalismo. Mas bem que a gente queria que o jornalismo fosse um tanto CQC. Quem sabe Brasília (a metáfora Brasília negra que paira sobre nós) fosse menos ridícula. Quem sabe.

16/10/2008


Eu li um texto da Mary, que é professora de Sociologia e muito mais inteligente que eu. E ela se diz pessimista, com a Escola, com a Universidade, com a profissão. Ela acha que a Escola vai acabar. Os professores também. Se a Mary que é tudo isso está pessimista, acaba que por tabela eu também fico. Porque uma das minhas metas para um futuro muito próximo é ser professor. Acho um caminho relativamente natural. Alguém querer transmitir o que aprendeu para quem pode puxar a ponta do fio do novelo para mais longe. Acho o máximo da dignidade envelhecer transmitindo (ou tentando, anyway) conhecimento. Ainda acredito que alguns conseguem. Aí vejo que o Governo do Estado tem como meta “que os alunos já saiam das escolas com noções básicas de informática, e para isso estamos montando salas de informática em mais de três mil escolas do Piauí.”. Tinha governo que acreditava que dar cursos grátis de datilografia era preparar para o mercado de trabalho. Saber o tectelectec era A oportunidade de viver melhor. Quem precisa aprender Sociologia se sabe fazer tectelectec? Defendo o uso da internet em praticamente todas as áreas da vida, educação inclusive. Mas nas tais três mil escolas do Piauí não existem três mil bibliotecas. Mínimas que sejam. Nem só com as obras de Machado de Assis, por exemplo. Nem mesmo com Paulo Coelho. O que, nesse caso, não é tão mau assim. Que na Universidade Estadual a biblioteca é pífia, grosso modo. Mas livro não dá voto. Três mil salas de informática é mais bonito e muderno que vinte mil, cinqüenta mil, cem mil livros. Ninguém fala em livros. Queria uma biblioteca mínima em cada escola, antes das salas de informática. Óbvio, tem que dar um jeito para que elas sejam usadas. Por alunos e professores. E comunidades. Mas o mundo inteiro sabe que as escolas no Piauí, no Nordeste e Brasil afora são precárias, às vezes sem luz, sem água, sem carteira. Nem telefone público. Giz (ainda se usa giz?). Tá, pincel e quadro de acrílico. Que na Universidade Estadual professores e alunos fazem (ou faziam, benefício da dúvida) vaquinha para comprar ar-condicionado ou mantê-los funcionando. Federal, não sei bem. Melhor, talvez, mas nem esse balaio todo. Que boa parte das crianças do fundamental passa semanas sem aulas por falta de quase tudo, inclusive professores, e um número muito, muito grande (números não são comigo, eu só decoro coisas como “alguns”, “vários”, “um monte”, “muitos”) dos adolescentes que percorrem todo o ensino médio têm, como destino, o analfabetismo funcional. Qualificação de professores é assunto ultrapassado. É fundamental o acesso à internet em todo lugar. Eu sei. Não pode é escola virar projeto de lan-house, a título de se ter caracteres bonitos em campanha eleitoral. Se a escola não ensina bem nem o mínimo nem o mínimo do mínimo, o que esses meninos vão acessar pela internet? Se bem que, se mal conseguem ter energia elétrica, vão ter internet? Bem. Entra governo e sai governo e o discurso é dar às pessoas o acesso ao futuro. Como se o futuro tivesse como passaporte só um teclado e um mouse, e não o estímulo à leitura, ao conhecimento, ao aprendizado. Que vem, antes da internet, pelos livros, didáticos ou não, pelos professores, pela sala de aula, pela escola. Mas vai ver a Mary está certa e a Escola vai acabar. Vai ver, todo mundo vai tirar diploma pela internet. Resta ver qual governo vai comemorar essa conquista. Estão tentando faz tempo. Um dia eles conseguem. Ou, vai ver, tem alguma coisa nova acontecendo e a gente ainda não entendeu.
auto-jabá


Se você eu fosse, Coisas de Amor Largadas na Noite eu compraria.
Bom, bonito e barato.
Apenas 20 reais, com frete grátis para todo o Brasil.
Mail para andrepiaui@hotmail.com

13/10/2008

Até tu, Marta?



É assim: a campanha de Marta Suplicy veiculou esse filme.
A alusão ao comercial Hitler, da Folha de São Paulo, é óbvia.
E a pergunta "é casado? tem filhos?" é um gancho sutil, porém eficiente, para que a resposta seja dada pela militância ao pé do ouvido do eleitor de classe média para baixo paulistano.
Houve um tempo em que o PT era esquerda.
Agora, usa a homofobia como estratégia eleitoral.
A fome e o delírio

É evidente que as soluções para os grandes problemas da humanidade passam por atitudes e ações mínimas, e soluções até mesmo infantis.
Vejo, por exemplo, que o governo americano despejou ou irá despejar algo em torno de 800 bilhões de dólares para salvar bancos, especuladores, bolsas de valores, agiotas em geral e, de certa maneira, todo o sistema financeiro mundial, em colapso coincidentemente às vésperas da eleição presidencial da pátria-mother. E que esse mesmo governo já torrou algo perto de 3 trilhões de dólares na invasão do Iraque, em busca de armas nunca encontradas e para enforcar Saddam Hussein. E que, no mundo, gasta-se um trilhão e meio de dólares por ano em armamentos, o que dá por alto 184 dólares por habitante do planeta. E que mais de dois terços da população americana, e mais da metade da população européia, estão com ou prestes a ter problemas de saúde decorrentes da obesidade, e que hoje a oferta de alimentos no planeta é tão grande que daria para alimentar duas vezes a população mundial. E que toda a fome mundial seria banida por mais de um ano, com apenas 400 milhões de dólares, e que se evitaria a morte diária de quase 100 mil pessoas em decorrência da fome e da desnutrição simplesmente fazendo uma vaquinha internacional que garantiria uma dieta mínima de 2 mil calorias a cada habitante do mundo a um custo médio de cinco dólares diários. Não seria mais razoável, então, antes de qualquer coisa, alimentar e cuidar e solucionar algo tão óbvio e evidente, e depois partir para a mesquinharia bélica internacional e a ajuda e manutenção do falso equilíbrio do capital?
Vamos parar por aqui, nestes exemplos. Já são suficientes para mostrar que qualquer criança de seis anos poderá responder tranquilamente a qualquer questão que envolva as maiores dúvidas e os grandes problemas seculares e os que porventura venham a existir no planeta Terra. Um grupo de crianças de pré-primário é capaz de conceber respostas muito mais rápida e inteligentemente do que na maioria das convenções e encontros de altos dirigentes internacionais.
Haverá quem consteste despejando teorias econômicas e sócio-políticas, estudos os mais diversos, e dizendo que meu raciocínio é pueril, simplista, imbecil e delirante. Mas mantenho-me na posição de exercer livremente meu sagrado direito ao delírio.
Espero que argumentem em contrário de forma convincente pois, até agora, não me ocorreu nenhum argumento que possa derrubar minha tese de que nada mais prioritário do que o ser humano, nada mais primordial que garantir a cada um não muito, mas o mínimo à sua sobrevivência digna e segura.
Qualquer teoria econômica ou social em contrário é, sim, irracional e delirante. Burra, mesmo.

10/10/2008

Do amor

- Amor, você me ama?
- E como!
Lar é onde o nosso coração está

É sobre isso que Pedro Jansen escreve hoje.
Vale a visita.

08/10/2008

E você, já foi hoje ao Intacta Retina?

foto: André Gonçalves

07/10/2008

Autobiografia não autorizada de Maria Quem – Tiro 6

E então, exatos oito meses, seis dias, quatro horas, trinta e dois minutos e dezenove segundos depois de minha mãe mergulhar no fundo do mar dos olhos de meu pai, a Passarinha fechou pela primeira vez na história. E se enfeitou inteira de flores amarelas e brancas e as portas foram fechadas para os bêbados e canalhas e maridos adúlteros e rapazinhos espinhentos, e todas as meninas da Passarinha vestiram seus melhores vestidos e o vermelho foi proibido nas bocas de todas elas porque era dia de Edilene, minha mãe, casar com Onofre, o meu pai. Minha mãe usava véu, grinalda e um vestido que tinha uma cauda tão grande mas tão grande que escorria do altar da Matriz e se abria em leque ocupando metade da praça principal. As pessoas dizem que as meninas da Passarinha foi que costuraram o vestido e que as gotas brilhantes que pareciam um céu de estrelas desabado no cetim branco eram as lágrimas de alegria de todas elas, menos de Dalva, que tinha inveja de minha mãe e se dizia a preferida de meu pai, o que não deixava de ser verdade mas nem era tão verdade assim, já que meu pai comia a Dalva mas tinha guardado, para sempre, no sorriso de minha mãe, quase o coração inteiro e mais da metade da alma. Mas o fato é que minha mãe casou com o meu pai na Igreja Matriz, mesmo a contragosto do Padre Queiroz: é que Meire Elen, a dona da Passarinha, ameaçou contar pra Fidalgo, o jornalista, que Padre Queiroz, duas vezes por semana, entrava pelos fundos da Passarinha e depois entrava nos fundos de Jovelina, a mocinha mais desabonitada de todas mas a puta mais beata do qual já se ouviu falar em todo o mundo e que, na hora do vamos ver, gritava o nome de Jesus e Nossa Senhora e metade dos apóstolos e mais seis ou sete santos dos mais variados de sua fé.
E durante três dias e três noites a Passarinha foi o lugar mais feliz de todos os mundos, e a música e o cheiro contagiante que exalam os sorrisos encheram o ar de toda a cidade e coloriram os olhos de toda a gente, e Edilene, minha mãe, e Onofre, o meu pai, trancados na suíte de Meire Elen, gentilmente cedida para momento tão sublime e solene, descobriram que existem pessoas nesse mundo feitinhas umas para as outras e que todas as partes de um corpo servem para várias serventias além das habituais.

06/10/2008

(agora, se você quer ver fotos novas, passa no Intacta Retina.)
post pós-eleitoral

Devo ser uma das três ou quatro pessoas no mundo que ainda acreditam que conceitos como "esquerda" e "direita" não desabaram definitivamente, nem morreram soterrados por toneladas de pragmatismo, de fanfarronismo pseudo-canhoto latinoamericano e de desastres políticos euroorientais em geral. Gosto de pensar que a direita está só fantasiada de cordeiro e bem fantasiada, apesar dos caninos salientes que escapam por baixo da fantasia, e que a esquerda tirou um longo cochilo, mas vai acordar qualquer dia desses e perguntar “cadê o pedaço de bolo que eu guardei na geladeira, porra?”, e dar um tapa na mesa e exigir um bolo novo, mais gostoso e com fatias iguais pra todo mundo. Daí ficar muito incomodado com certas leituras lenientes dos fatos, especialmente os sociais e os políticos. Aqui, mesmo. Dizer, por exemplo, que nossa Câmara Municipal foi renovada é mais uma demonstração de preguiça mental do que de conhecimento além do matemático. Porque a conta que fazem é: 12 vereadores saíram, 12 vereadores entraram. Ora. Mas se você olhar os nomes, vê que ali não mudou nada. Só os nomes. O projeto continua lá. Idem ibidem. Porque saiu um, entrou a mulher de outro. Saiu outro, entrou sobrinho de outroutro. Saiu outroutro, voltou aqueloutro. Renovação aonde, hã? Sim, TALVEZ (e olhe o tamanho do “talvez”) tenha lá um realmente renovador. Who knows? E o discurso do “possibilismo” não encontra resposta à altura dos que deveriam brigar eternamente pela Utopia Necessária. Parece mesmo que a esquerda segue dormindo e não faz “a mais puta idéia do mundo em que estamos” (ei, isso foi Saramago, hein?). O “possibilismo” é o mal do milênio. Politicamente falando. Porque quem pensa no impossível virou folclore. E, convenhamos, a maioria dos que pensam no impossível insiste em ser folclórico. Aí, desmonta o argumento e vira deboche. Porque a máquina “possibilista” desacredita o discurso com competência e desfile de números. Claro, números para comprovar a sua tese possibilista. Tipo "não dá para fazer 100% disso, porque fizemos 65,89% daquilo". E eles estão com o giz e o quadro negro, portanto, quem contestar há de? E, como você sabe, números são frios e incontestáveis. Eu não acredito em números, pero que los hay, los hay. O mundo anda acreditando em números. E quando esse número chega a 70% e vence uma eleição de véspera, as outras pessoas quase se sentem OBRIGADAS a acreditar. Enquanto isso, o menor número conhecido por quem está do outro lado é o “todo mundo”. Mas o “todo mundo” anda em baixa, coitado. "Todo mundo" tem direitos, mas "todo mundo" é gente demais para o possível. Agora, gente: os possibilistas NUNCA mudaram o mundo. Viu? Só se locupletaram dele. E, se você prestar atenção, Pinky e Cérebro estão montando seu plano para dominar o caju. Mas os “setores informativos da sociedade organizada possibilista” só vêem que 12 vereadores saíram, e 12 vereadores entraram. E nada de perguntar, de verdade, what a fuck project é esse. Que está aí. Pior: que está aqui. E contando.
foto: André Gonçalves
O Vento.

01/10/2008

Desobediência Civil

freqüencia
iniqüidade
inconseqüência
exeqüível
ungüento
tranqüilo
argüir
ungüiculado
ungüinoso
bem-te-vi-do-mato-virgem.