24/09/2007

cannibalis

da poesia
congelada
quero só o que escorre
pelas frestas
pelas bordas
pelo ralo
pelas costas

deixa intacta a letra morta
deixa o corte
fecha o lacre
deixa o corpo
esconde as sobras
dos famintos
cães da noite

da carne avermelhada
quero um pouco do suor
quero só o que importa
polpa fresca
intemperada
fibras mortas
devoradas

da poesia
quero o sal
quero o gosto
a mordedura
até que o vento
doure os nervos
e a mandíbula proeminente
solte o verbo
morda a língua
e engula a dor presente.

9 comentários:

  1. Anônimo8:54 AM

    Querer só o melhor dos mundos...

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  2. "solte o verbo
    morda a língua
    e engula a dor presente."

    escrevendo e humilhando, hein, andré gonçalves?

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  3. Chegue pelas bordas procurando carne em minhas palavras. Talvez não encontre sentido. Sei bem de um convite que tem pra você no meu blog.
    É um convite, em primeiro lugar. Depois, há uma exigência: outras três indicações.
    Nunca fui adepto disso (dessas "correntes"!). Mas partiu de moços tão engajados; não tive como recusar.
    Espero o senhor por lá!
    Abraços!

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  4. Anônimo5:16 PM

    A todos o Melhor.....

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  5. Anônimo12:00 PM

    Pq demoro a vir por aqui, se é tão bom quando venho...
    Acho q vou precisar do emprego de guarda noturno.

    bj,
    Sam

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  6. Anônimo1:03 PM

    André,

    teu poema é belíssimo!

    Tem a "polpa fresca, intemperada"...


    Obrigado pela visita e comentários.


    Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.

    Abraços, flores, estrelas..

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  7. olha ..
    tanto que ja tihna lido, encontrado os teus textos por aí, enrolado em outras letras ....

    Não sabia do blog, não mesmo!!!


    .
    .
    .
    .

    Volto agora. Foi bom chegar.

    Abraço

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  8. Anônimo3:28 PM

    O poema esta muito bom, mas o que me deixou estarrecido foi do post anterior, esta genial.
    Abraço

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  9. quem és tu, andré gonçalves?

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