Particularmente, acho genial a idéia do Big Brother. Essa coisa de podermos ver como se comporta um grupo de pessoas confinadas em uma casa, com suas diferenças, identidades, manias e desvios de caráter é algo absolutamente interessante. Porque isso de bisbilhotar a vida dos outros parece estar no nosso código genético. Desde que o mundo é mundo somos voyeurs da vida alheia. De certa forma, somos resultado das fofocas e das bisbilhotices que, durante anos, sofremos e fazemos em relação a tudo que nos cerca. É o que vemos nos outros e o que vêem e percebem e falam de nós que molda quem somos. Todo mundo é xereta de nascença. Hoje, onde qualquer um pode expor suas vidas em blogs, flogs, sexlogs e orkuts, e pode divulgar publicamente suas dores e amores com auxílio de câmeras digitais de 200 reais, parece que o ser humano assume definitivamente: somos, todos, indistintamente, futriqueiros, enxeridos e penetras da intimidade do vizinho. Esteja ele do outro lado do muro ou do lado de lá do planeta. E, por mais que aqui e ali digamos que não, somos, sim, exibicionistas, e adoramos quando nos tornamos alvo de olhares, comentários e algum tipo de futrica. Uma coisa meio "falem mal, mas falem de mim".
O que me incomoda no BBB é esse algo de manipulação um tanto quanto descarada e tola dos personagens. Nesse grupo de quatorze pessoas que se permite a visibilidade de suas neuras, o que temos? Pelo menos doze que formam, digamos, um grupo quase homogêneo. Gente com cara parecida, corpos quase idênticos, padrão comportamental muito aproximado, cérebros trabalhados em linha de montagem, exibicionistas, pseudomodelos alpinistas em busca de capas da Playboy e um ex-monge que, aparentemente, pretende ser o próximo Jean. E, desde quinta-feira, dois legítimos representantes, aí sim, da média do povo brasileiro: uma baiana com falhas na dentadura superior e um carioca baixinho e rechonchudo, o Danny de Vito da Pavuna. Particularmente, preferia que o BBB fosse todo feito com gente sorteada aleatoriamente. Nada contra as bundas redondinhas e as barrigas de tanquinho, até porque, no sorteio, elas poderiam estar lá. Mas o grande barato desse negócio é justamente a contradição, a briga por pontos de vista completamente opostos. Os romancezinhos pré-fabricados para atender pesquisas matam o principal elemento que poderia fazer, do BBB, algo mais que um entretenimento e, quem sabe, desculpe a pretensão, mostrar em rede nacional quem somos de verdade: a diversidade. Onde estão os gordos, os idosos, os analfabetos, os desdentados? Porque não um BBB de cada estado? Porque não um desses intelectuais chatíssimos para papos-cabeça com as modeletes burrinhas sobre Sartre, caindo depois para a importância da chapinha no mundo contemporâneo? Será que é pré-requisito a capacidade de dar gritinhos ridículos por qualquer coisa e desfilar o dia inteiro de biquíni e sunguinha "mamãe-sou-playboy-e-adoro-pitbull"? Adorei o Danny de Vito da Pavuna ter esculhambado a primeira prova do BBB, deixando o Pedro Bial com cara de tacho. Achei ótima a baiana com corpinho de dona de casa bonachona e sorriso falho. Pode ser que a gente consiga ver, além de glúteos bonitinhos e bíceps definidos, um pouco mais de naturalidade, de alegria espontânea, de angústias verdadeiras, de gente verdadeiramente comum. E, agora, dá um tempinho, que vou ali dar uma bisbilhotada.
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