28/10/2006

Blog do Lelê

Trecho de um post imperdível:

De tarde teve uma coisa chamada velório e eu não fui para a escola. Não ir para escola é bom, mas dessa vez não foi.

Eu vi a minha avó no caixão e foi estranho, porque não parecia que ela tinha morrido. O corpo dela estava igualzinho, e eu tinha a impressão de que ela ia levantar. Eu ficava pensando assim: “Se tem coisa que quebra e pára de funcionar, mas depois dá para consertar, porque não pode ser assim com o corpo da gente? Devia ter um jeito de consertar as pessoas depois que elas quebram, e aí elas voltam a funcionar.”

Mas eu não falei isso para ninguém porque iam dizer que eu era bobo.

O velório é uma coisa estranha. Toda a família vai, até aqueles primos que você nunca vê. E todo mundo fica triste porque alguém morreu, mas também fica um pouco alegre porque toda a família está junta. Mas eu não entendo uma coisa: se todo mundo fica feliz porque fica junto, por que não fazem isso nos outros dias, quando ninguém morreu?

Bom, ali no velório eu comecei a pensar uma coisa que eu nunca tinha pensado. Pensei que um dia eu vou morrer. E também pensei que um dia o meu pai e a minha mãe vão morrer. E pensei que o meu avô, que mora em casa e é pai do meu pai, deve morrer logo, porque ele é o que está mais velho de todos.

Acho que o meu avô pensou a mesma coisa, porque ele estava o maior calado.


Corra lá e leia completo.
Juro que vale a pena. Clique AQUI.

23/10/2006

Crash







Ei, você aí: você tem mesmo certeza de que sabe quem você é?

20/10/2006

Três Enterros

Ei, você aí: você sabe mesmo o que significa "amizade"?
Guilherme Fiúza sobre o debate no SBT, no No Mínimo:

"Lula preferiu se agarrar a uma papelada trazida de casa e se dedicar a uma leitura monocórdia (e um tanto atropelada) de cifras e índices que deve ter embalado o sono de boa parte da audiência. Se por acaso os números eram positivos para o governo, foram neutralizados pela dicção sofrível do orador, que ao ler parece agravar seu duelo com as palavras e a língua.

A contribuição de Alckmin para o entorpecimento do espectador se fixou em um número cabalístico: 2%. Na enésima vez que o candidato repetiu esse percentual, para acusar o governo de botar o país em marcha lenta, para o eleitor era como se ele estivesse dizendo “abra cadabra” ou “xazan”. Tanto faria."


Texto completo AQUI.

11/10/2006

É cor de rosa choque

Certo, Clodovil é meio antipático. Certo, Clodovil é afetado, bichona e um tanto quanto “louca”. Tudo bem, ele não tem planos nem projetos, nem é alguém “politizado enquanto cidadão”. Clodovil é um encrenqueiro, língua solta, e, ao que tudo indica e todos que não votaram nele dizem, entrou nessa por falta do que fazer. Pode-se dizer que Clodovil é uma piada, uma gozação do brasileiro, e que é um absurdo a legislação eleitoral permitir que “gente como ele” chegue à “Casa da Democracia”.
Mas, sinceramente falando e você pensando aí com seus botões, não vai ser divertido ter um Clodovil na Câmara? Tudo depende do olhar com que se vê a eleição de Clodovil Hernandez, um dos candidatos a deputado federal mais votados do país.
Aos que se referem a ele como a “bicha” que está de brincadeira com o eleitor, podemos afirmar que de iguais a ele o Congresso deve estar cheio, assumidas ou enrustidas, mais essas do que aquelas, e que, em pleno século 21 é, no mínimo uma estupidez questionar a capacidade de alguém por sua opção sexual e todo aquele blá blá blá que há anos a gente ouve por aí e que já deveria ter entrado na cabeça de todo mundo.
Para quem diz que o Clodovil deputado é um absurdo pela sua (dele) falta de projetos e planos para o país, eu pergunto: e o seu deputado? Qual é o projeto dele? Quais são os planos dele para o Brasil? O que, de prático, já fez ou afirma que vai fazer? Sem generalismos, por favor. Então, como todo mundo já sabe a resposta, ou melhor, a falta dela (com uma ou outra honrosa exceção em cada Estado brasileiro), isso não desqualifica o congressista costureiro.
Se você é do time que diz que o tal é um língua-solta, vamos lá: sinceramente, prefiro um deputado língua-solta do que um rabo preso. E, se fôssemos tirar de Brasília os que não têm o rabo preso com alguma coisa, quantos iam ficar?
Para quem acha que Clodovil é uma excentricidade, pergunta-se: Ney Suassuna não é uma excentricidade tão grande quanto? E tantos outros, como Agnaldo Timóteo, Juruna, Maluf, Jair Bolsonaro? O Brasil já deveria estar acostumado com essas excentricidades. Em todas as eleições o povo coloca, lá, alguém com um perfil, digamos, excêntrico. Aliás, o mundo inteiro tem esse comportamento. Vide Cicciolina na Itália, Reagan e Schwarzenegger nos Estados Unidos, Hugo Chavez e tantos, planeta afora. É uma praxe eleitoral, pode-se afirmar.
E, cá pra nós de novo: é possível esperar dele um pouco mais do que desses outros aí. No mínimo, cria-se a expectativa de que a língua solta de Clodovil não seja presa pelo preconceito. Espera-se dele, e acredito piamente que foi isso que o elegeu, que sua língua solta e mordaz seja ativada nas CPIs, nos apartes debochados a discursos tidos como sérios mas dúbios e duvidosos, nas excêntricas votações secretas da Câmara em assuntos de interesse do povo.
Clodovil Hernandez pode até ser uma piada. Mas, se se mantiver Clodovil Hernandez, pode ser que seja a piada daquelas que servem para desmontar a falsa sisudez, a rasa profundidade ideológica camuflada em citações retiradas de biografias. Espero, sinceramente, que em uma CPI qualquer dessas daí, Clodovil peça para um desses que estão sempre envolvidos em tudo que não presta: “olhe ali para a lente da verdade e diga olhando nos olhos do Brasil: o senhor é ou não é um surrupiador de verbas”?
Se fizer isso, só isso, já terá valido a pena pagar o mico de tê-lo como representante na Casa do Povo.

05/10/2006

Clipe do Dia - I - Jose Gonzalez canta Heartbeats (a música dos comerciais aí de baixo)

04/10/2006

Como as coisas acontecem rápido

Uma das grandes dificuldades de se escrever uma coluna semanal é a incrível capacidade que os fatos têm de se sobrepor uns aos outros, formando pilhas de possibilidades. Sempre espremidas entre novos fatos que, todo dia, toda hora, abarrotam nossos olhos e pensamentos, e um prazo (geralmente inexequível, como praticamente todos os prazos impostos pelos chefes), determinado pelas editorias. O meu, por acaso, é quarta-feira, para uma coluna que sai no jornal de domingo. Nossa Senhora do Tempo Curto, eu imploro: estiquem meu prazo!
Daí a força cada vez maior da Internet, dos blogs e dos sites de informação. Claro que, em sua grande maioria, as informações contidas nesses fast food de notícias são de péssima qualidade. Mas, diabos, quem quer qualidade de informação nos dias de hoje? O que interessa é o “aconteceu, apareceu”, mesmo que segundos depois a notícia desapareça e volte corrigida, ou desmentida, ou nem volte. E até mesmo se dispense eventualmente o “aconteceu”, ficando-se só com “apareceu”. Mas isso não tem nada a ver com nada. O assunto mesmo é, ou melhor, são, eleição e acidente de avião. Que passaram por cima de qualquer assunto ao ponto de, hoje, no início da tarde, eu ter visto três mulheres chegando ao trabalho em um plano de saúde, fardas verdes, discutindo sobre aerovias virtuais, transponders e velocidade de cruzeiro. Discutiam a coisa dos 36 mil ou 37 mil pés com a naturalidade de quem comenta a cor do esmalte da colega. Claro que ali provavelmente nenhuma das três soubesse quanto significam, em metros, 37 mil pés (por sinal eu também não sei e, ao acabar aqui, vou ao Google descobrir). Mas isso também não vem ao caso. O caso é que o acidente com o vôo 1907 transcendeu a categoria de catástrofe e virou novela. Triste, macabra, com direito a vilões, dramas de amor e flash backs, para catatonizar a opinião pública e grudar o cidadão na tela, comendo seu pão com manteiga, dando peteleco no filho e discutindo cheio de razão a suposta incompetência de pilotos e controladores de tráfego aéreo. Somos todos, agora, especialistas em tudo formados pela mídia e primos em terceiro grau dos abutres.
Eleição: segundo turno, Lula x Alckmin, picolé de Chuchu x Ceguinho Aderaldo. Cientistas políticos e PHDs de última hora insistem que Lula perderia mais se tivesse ido ao debate da Poderosa, e que sua ausência, se por um lado foi frustrante, foi taticamente excepcional. Bull shit. Lula fosse, estaria eleito. Mas é fato que a não ida de Lula simplesmente mostrou ao Brasil uma coisa que todo mundo já percebeu faz tempo: que ele, a despeito de ser, talvez, o mais carismático político brasileiro, um dos poucos capazes de falar pegando no braço do povo com a maior intimidade e naturalidade já que é, teoricamente, igual a todos nós da “crasse povo”, anda há tempos se apoiando em muletas de barro em chão molhado, jogando de salto 15 nos campos de gramados bem cuidados das elites e esquecendo que é da várzea.
O segundo turno vai ser muito esclarecedor. Porque, se de um lado Lula precisa botar o pé no chão, dar a cara a tapa e parar de dizer que não viu o que todo mundo viu, menos ele (além, claro, do blábláblá de mostrar seus números de governo), do outro Alckmin precisa apimentar o chuchu e provar que pode ser mais que um Suplicy com mais memória e menos Blowin in the Wind, com menos Opus Dei e mais “rebola, nêgo”.
Agora, é no mano a mano. E isso é ótimo pra democracia. Tudo bem que um lado represente cada vez mais uma esquerda destra e, o outro, uma direita que se diz canhota. Se é o que temos, foi o que escolhemos.

03/10/2006

Clipe do Dia - Cássia Eller - Malandragem


Nossos comerciais, por favor

Lindo comercial da Sony.
Soltaram nas ladeiras de San Francisco mais de 250 mil bolinhas coloridas para mostrar que a tv Sony Bravia tem uma definição de cores única.
Daí, o slogan: Colour like no others.
Fácil, né?

Nossos comerciais, por favor - Parte II

Deliciosa paródia do Tango (sucos de frutas) ao comercial da Sony que está no post de cima.